A superlotação do Centro Obstétrico (CO) do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), no centro do Estado, virou caso de polícia. Na manhã desta quinta-feira (26), representantes da direção da unidade registraram uma ocorrência em função do "quadro caótico", conforme disse ao GaúchaZH Soeli Guerra, gerente de Atenção à Saúde do Universitário.
No local, há capacidade para 10 leitos. Mas, nesta manhã, eram 26 gestantes internadas, ou seja, 16 a mais da capacidade prevista. Conforme Soeli, 40% dos casos atendidos são de baixa e média complexidade, que poderiam ser assimilados pelo Hospital Casa de Saúde. A instituição também presta atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a Santa Maria e quase 20 municípios.
— A situação é insustentável. Estamos, mais uma vez, sobrecarregados e mesmo com a reabertura (da Casa de Saúde), nós seguimos atendendo a uma demanda que poderia ser atendida por lá. Aqui, o Husm é referendado para casos de alta complexidade. Ou seja, gravidez com risco — fala em tom de desabafo a gerente.
Do lado da Casa de Saúde, a diretora, irmã Ubaldina Souza e Silva, afirma que desde o começo de março deste ano, o hospital voltou a atender a população. Segundo ela, no mês passado, foram mais de cem partos realizados. Ainda conforme Ubaldina, apenas são encaminhados ao Universitário aqueles casos de gestantes de alta complexidade.
O Centro Obstétrico da Casa de Saúde ficou por quatro meses fechado – entre novembro de 2017 e começo de março deste ano – já que a direção alegava, à época, atrasos nos repasses de verbas do governo do Estado. Isso levou, neste período, a maternidade do hospital universitário a absorver a demanda e a enfrentar sucessivos casos de superlotação.
Cenário
Essa é a terceira superlotação somente em 2018. Em janeiro, a unidade passou duas vezes por "esse quadro agravado", recorda Soeli.
Em decorrência da superlotação, o hospital não tem mais berços nem macas para as gestantes. A direção tem buscado macas junto ao Pronto-Socorro (PS) para acomodar as pacientes. Além disso, conforme Soeli Guerra, não há nenhum leito vago na sala de recuperação para receber pós-cesárea.