Além de ser o melhor amigo do homem, cães adestrados podem ser utilizados para fins terapêuticos nas unidades de tratamento intensivo (UTI) em hospitais para aliviar os danos físicos e emocionais dos pacientes. É o que afirmam especialistas médicos da Johns Hopkins University, de Baltimore, nos Estados Unidos, em artigo publicado na segunda-feira (12).
No estudo divulgado na revista científica Critical Care, os médicos defendem que o uso dos animais não sirva apenas para o tratamento de pessoas em estados menos graves, mas para todos os pacientes.
Segundo o professor de Medicina e de Reabilitação e Medicina Física da Johns Hopkins University Dale Needham, o objetivo do procedimento é fazer com que as pessoas se tornem mais ativas e busquem sua própria recuperação, por meio do contato com os cães. Além disso, os especialistas buscam tratar os pacientes com cada vez menos medicamentos.
— Na verdade, podemos usar menos remédios e confiar mais nas intervenções não farmacológicas, como a musicoterapia, o tratamento de relaxamento e o tratamento com animais — ressalta Needham.
Conforme os estudos, enquanto estão internados, cerca de 80% dos pacientes da UTI sofrem com problemas psicológicos como delírio e alucinações. No entanto, existem cada vez mais evidências que esses problemas diminuem em pacientes mais ativos e que recebem menos medicação.
Participaram da pesquisa 10 pacientes, entre 20 e 80 anos, com diagnósticos diversos. Cada um deles, durante 20 a 30 minutos, recebeu a visita dos cães enquanto estava no hospital da universidade norte-americana. Em alguns casos, a visita incluía um terapeuta físico ou ocupacional.
Os dados mostraram que a presença do cão ajudou os pacientes a interagirem, dando-lhes um motivo para serem mais ativos.
— Uma vez que você tem um cachorro na sala olhando para você esperando um carinho ou um tapinha, é difícil para um paciente evitar se engajar — disse Megan Hosey, professora adjunta de Reabilitação e Medicina Física da universidade.
Os cães devem estar registrados no programa Pet Partners, que assegura que tantos os animais quantos os tratadores estão preparados para o procedimento. Quanto aos pacientes, eles devem querer participar das visitas, estarem alertas para conseguirem se relacionar com os animais e não apresentarem riscos de infecções.
Futuramente, os especialistas planejam seguir com o procedimento, visto os resultados positivos. A equipe pretende analisar como a terapia canina pode produzir mudanças na capacidade respiratória e no ânimo dos pacientes.