A Organização Mundial da Saúde (OMS) exortou, nesta terça-feira (7), os criadores a não utilizarem antibióticos se os animais estiverem saudáveis, para prevenir a resistência dos micróbios aos medicamentos.
Em suas novas diretrizes publicadas nesta terça-feira, a OMS defende "uma redução global da utilização de todas as classes de antibióticos importantes para a medicina humana nos animais de criação", e defende "uma restrição completa da utilização desses medicamentos como promotores de crescimento e de forma preventiva em ausência de diagnóstico".
"Os animais saudáveis só devem receber antibióticos para prevenir uma doença diagnosticada em outros animais do mesmo rebanho, criadouro ou população, no caso dos peixes", acrescenta. A OMS espera, deste modo, "preservar a eficácia dos antibióticos importantes para a medicina humana, reduzindo seus usos inúteis em animais".
Segundo a agência da ONU, a utilização excessiva ou inadequada de antibióticos no homem e no animal contribui para ampliar a ameaça da resistência aos antibióticos. Este fenômeno poderia causar dez milhões de mortes anuais antes de 2050, segundo um estudo britânico recente.
As recomendações da OMS se baseiam em dezenas de relatórios de especialistas e em um estudo publicado nesta terça-feira na revista médica The Lancet. Este estudo mostrou que a restrição do uso de antibióticos em animais de criação destinados à alimentação humana leva a uma redução de até 39% da presença de bactérias resistentes em animais.
A resistência aos antibióticos ocorre quando uma bactéria evolui e se torna resistente aos antibióticos normalmente utilizados para tratar as infecções. Este problema mundial está relacionado especialmente ao consumo exagerado de antibióticos e a sua má utilização pelo homem e os criadores, segundo a OMS.
— Uma falta de antibióticos eficazes é uma ameaça para a segurança sanitária tão grave quanto uma súbita epidemia de uma doença mortal — afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
— O volume de antibióticos utilizados nos animais continua aumentando no mundo todo, sob o efeito da demanda crescente de alimentos de origem animal, provenientes às vezes de criações intensivas — lamentou Kazuaki Miyagishima, diretor do departamento de segurança sanitária de alimentos da OMS.
Para substituir os antibióticos na prevenção das doenças nos animais, a OMS propõe melhorar a higiene e a utilização de vacinas e modificar as práticas de alojamento e criação dos animais. Por outro lado, a OMS pede que os antibióticos administrados aos animais doentes sejam selecionados entre os listados pela agência como os "menos importantes" para a saúde humana.