O período de amamentação é um dos mais importantes para o desenvolvimento saudável do bebê. Em caso de consumo de bebidas alcoólicas por parte da mãe durante o aleitamento, a substância pode alterar propriedades do leite e causar problemas a curto e longo prazo à criança.
Ginecologista, obstetra e coordenadora de assistência materno-fetal da Santa Casa de Porto Alegre, Janete Vetorazzi, explica que o bebê ainda tem um “fígado imaturo” e até 1% do álcool ingerido pela mãe pode ser passado ao leite materno.
O álcool contido em uma lata de cerveja, por exemplo, demora até duas horas para ser eliminado do organismo.
— O nível de álcool no sangue e no leite permanece alterado entre duas e 12 horas após a ingestão de bebidas alcoólicas. O tempo da metabolização irá depender da quantidade ingerida e do organismo de cada mãe — explica Erica Mantelli, ginecologista e obstetra, pós-graduada em Sexologia pela Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com Erica, bebidas destiladas, vinhos e doses exageradas de cerveja levam mais tempo para sair do sangue e do leite, podendo ficar até seis horas no corpo.
— Tem que ficar claro que não estamos dizendo que pode, o ideal é não tomar. A Sociedade Brasileira de Pediatria é uma fonte segura para as mães consultarem, assim como a Febrasgo — reforça Janete.
A obstetra da Santa casa salienta que o consumo de bebidas é contraindicado pelo Ministério da Saúde e pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), mas dá dicas para reduzir os impactos ao bebê:
- Amamentar a criança antes de beber
- Ingerir uma grande quantidade de água antes, durante e após consumir a bebida alcoólica
- Beber a menor quantidade possível de bebida alcoólica
- Esperar, no mínimo, duas horas após encerrar o consumo do álcool para voltar a amamentar
- Retirar o “primeiro leite” após ingerir a bebida alcoólica e não oferecer ao bebê
- Com orientação de um pediatra, tirar leite antes de beber e armazená-lo.
Riscos
A curto prazo, o leite materno produzido enquanto a mamãe consumiu bebidas alcoólicas pode causar agitação, alteração na qualidade do sono do bebê e fraqueza seguida de sono profundo.
— O álcool pode mudar o cheiro e o gosto do leite materno, o que pode fazer o bebê recusar o alimento — conta Vetorazzi.
A amamentação nos primeiros seis meses de vida é fundamental para deixar o bebê mais resistente a infecções, alergias, doenças e outros tipos de complicações. Erica Mantelli afirma que o leite ajuda a fortalecer a imunidade dos bebês devido às células de defesa anti-infecciosas presentes, além de protegerem o organismo da criança.
A amamentação também promove benefícios como melhorar o intestino da criança, diminuir o risco de alergias, evitar cólicas no recém-nascido, combater a anemia e ajudar no desenvolvimento cognitivo.
— A longo prazo, causa alterações no sistema nervoso, lesões no cérebro, algumas que podem ser irreversíveis e alterações no crescimento e ganho de peso — explica Vetorazzi.