Comum e não muito conhecida, a fibromialgia acomete cerca de 4% da população mundial adulta e é até 8 vezes mais comum em mulheres, principalmente entre os 30 e 50 anos de vida.
Os pacientes sofrem cronicamente com dores difusas pelo corpo, principalmente nos músculos, tendões e articulações. A limitação física e o impacto psíquico da fibromialgia podem atingir níveis incapacitantes. Além das dores, podem surgir: depressão, ansiedade, insônia, distúrbios intestinais, entre outros sintomas.
Identificando o problema
Dores frequentes e difusas pelo corpo, não associadas à atividade física ou outras doenças, presentes em período superior a 3 meses (mostrando que são crônicas) aliadas ou não a sintomas de depressão, ansiedade, distúrbios do sono e intestino irritável são indícios da doença.
- O paciente deve procurar um clínico de confiança, um reumatologista ou um neurologista clínico a fim de fechar o diagnóstico e delinear um plano terapêutico - aconselha o neurologista Leandre Teles
O médico, mediante a história clínica e o exame físico determinará se existe outra doença causando os sintomas e pesquisará a presença de pontos gatilhos para a dor. Existem 18 pontos (9 de cada lado) que são pressionados pelo médico a fim de determinar se ocorre exacerbação da dor e características definidores da fibromialgia.
Causa
A causa da doença é ainda desconhecida, mas envolve fatores genéticos e ambientais. Os exames são, geralmente, todos normais. Quem sofre com a doença sente todo o impacto da disfunção, além de todo o preconceito da sociedade e mesmo dos profissionais da saúde perante suas queixas, por muitas vezes inespecíficas.
Segundo Teles a dor geralmente sinaliza a presença de um agente agressor em determinada região do corpo.
- Na fibromialgia ocorre uma pane do sistema que sinaliza a dor ao cérebro e surgem dores difusas, por vezes intensas, em locais onde não está havendo agressão aparente - explica.
A ausência de um exame alterado, a superposição com sintomas de transtornos de humor e o desconhecimento por parte da população e equipe de saúde faz com que muitos pacientes não recebam o diagnóstico, a devida atenção e nem qualquer tipo de intervenção terapêutica.
Tratamento
Com o diagnóstico firmado, por critérios clínicos, é preciso estabelecer uma linha de tratamento à curto, médio e longo prazos. A doença não tem cura e o tratamento almeja melhoria da qualidade de vida e reversão dos sintomas associados. Existem quatro frentes que devem ser abordadas conjuntamente:
1- Mudança do estilo de vida (medidas não farmacológicas) = controle do peso, atividade física regular sob supervisão, alimentação balanceada, medidas anti-stress, etc...
2- Tratamentos dos sintomas associados = é fundamental intervir nos sintomas associados à dor, como na depressão / ansiedade, os sintomas intestinais e tratar incisivamente os transtornos do sono.
3- Medicamentos = existem dois grandes grupos de medicamentos. Aqueles que tratam a dor na hora, mas que não devem ser usados à longo prazo (analgésicos comuns, anti-inflamatórios, opióides) além daqueles que previnem a dor, usados diariamente, mais adequados para o tratamento crônico da doença.
4- Outras medidas = acupuntura, tratamentos térmicos, fisioterapia analgésica, hidroterapia, etc...
O resultado do tratamento é geralmente bastante satisfatório, mas exige muito empenho por parte do paciente e, como em toda doença crônica, traz resultados a médio e longo prazo.