Há quanto tempo você não fala sobre HIV/Aids com seus amigos? Se o que faltava era oportunidade para mencionar o assunto nas rodinhas de bate papo, o Dezembro Vermelho, mês marcado por ações de prevenção à doença, é um bom momento para começar a conversa.
Para quem ainda tem dúvidas, as estatísticas do Ministério da Saúde (MS) mostram por que o tema é importante e diz respeito a todos. O Rio Grande do Sul é o terceiro Estado brasileiro com mais casos de aids, que aparece quando a infecção pelo HIV progride e afeta o sistema imunológico. Além disso, é grande o número de pessoas que vivem com o vírus e ainda não sabem — pelo menos 135 mil em todo o Brasil. Elas não fizeram o teste disponível gratuitamente nas Unidades de Saúde e estão sem acesso aos medicamentos que freiam o desenvolvimento da infecção no organismo — com o tratamento adequado, o HIV fica indetectável, ou seja, não pode ser transmitido por relação sexual, e a pessoa não irá desenvolver a doença.
Nos últimos anos, os avanços na medicina mudaram a percepção da Aids. Ela passou a ser considerada uma doença crônica com a qual se tornou possível ter qualidade de vida. Ainda assim, não tem cura e é mais grave que qualquer Infecção Sexualmente Transmissível (IST). Por isso a importância da medicação adequada.
— É um tratamento diário, com antirretrovirais oferecidos gratuitamente no SUS. O tratamento que temos no Brasil é o que há de melhor no mundo e rapidamente, entre três e seis meses, a carga viral da pessoa passa a ser indetectável. Os medicamentos têm pouco ou quase nada de efeitos colaterais. Então, é possível estar em tratamento e ter uma vida normal — explica o diretor do Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, Gerson Pereira.
Entre os jovens, o uso do preservativo apresenta baixos índices e é exatamente entre esse grupo que se observa crescimento da infecção pelo HIV . A maioria dos casos no país é registrada na faixa etária de 20 a 34 anos, com 18,2 mil notificações (57,5%). Em 2018, 43,9 mil casos novos de HIV foram registrados. O uso de álcool e de drogas recreativas também pode afetar o poder de decisão sobre usar ou não a camisinha.
Por isso, se nos últimos tempos você não se protegeu, procure se informar. O teste é rápido e sigiloso e pode ser realizado gratuitamente nas unidades de saúde. Se o resultado do exame for positivo, o tratamento deve ser iniciado no SUS. No Brasil, 93% das pessoas que têm HIV e estão em tratamento apresentam níveis indetectáveis do vírus. O nome da nova campanha do Ministério da Saúde contra HIV/aids já traz, em si um estímulo a realizar o exame: "Se a dúvida acaba, a vida continua".
— Existe um certo medo da testagem, do conhecimento do diagnóstico. O teste é importante porque, na medida em que as pessoas conhecem a real situação e são tratadas, elas podem ter uma qualidade de vida muito boa e diminuir novas infecções. Não fique em dúvida, faça o teste! — aconselha Pereira.
Outros métodos garantem proteção
Mesmo com o resultado negativo no exame, a prevenção deve continuar. É importante continuar usando camisinha para se proteger do HIV e outras ISTs. O preservativo ainda é a maneira mais prática e acessível de se prevenir, mas você também pode se informar sobre outros métodos, como a profilaxia pré-exposição ao HIV (PrEP). Ela consiste no uso diário de antirretrovirais por pessoas não infectadas para reduzir risco de infecção pelo vírus antes das relações sexuais. A indicação é feita para pessoas que sejam mais vulneráveis ao HIV, como pessoas trans, trabalhadoras(es) sexuais, gays e casais sorodiferentes.
Outra forma de prevenção é a profilaxia pós-exposição, a PEP. Nesse caso, os medicamentos antirretrovirais são receitados após situações de exposição ao vírus, que pode ocorrer a partir do contato com materiais biológicos infectantes. Ela deve ser iniciada preferencialmente nas primeiras duas horas após a exposição e no máximo em até 72 horas. O tratamento dura 28 dias.
Confira mais informações sobre prevenção, sintomas, diagnóstico e tratamento de Aids/HIV na página especial do Ministério da Saúde.