Está concluída a reforma das 31 salas comerciais do Viaduto Otávio Rocha, no centro de Porto Alegre, esvaziadas pelos lojistas no final de 2022. Os trabalhos de revitalização de toda a estrutura, porém, ainda estão em 75%. A prefeitura promete entregar a obra pronta em fevereiro de 2025.
De acordo com o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, André Flores, o que impede um avanço mais rápido dos trabalhos é a dificuldade na troca do cirex, material que reveste as paredes do viaduto.
— A parte elétrica já foi feita, a impermeabilização também. Os dois banheiros estão prontos. Mas o cirex está mais deteriorado do que o previsto no projeto. Estamos tendo um pouco mais de trabalho para colocar o cirex no lugar. Os corrimãos nas escadarias já estão sendo instalados. O pessoal já consegue descer pelos dois lados da escadaria pela Duque de Caxias — diz Flores.
Antes da reforma, as salas comerciais eram ocupadas por lojas de discos de vinil, de conserto de relógios, gráficas e lanchonetes. Muitos espaços, contudo, já estavam desocupados. Os lojistas que estavam com a documentação em dia tiveram assegurado o retorno se assim desejarem.
O dono da gráfica Copy & Art, Antônio da Silva, 52 anos, tinha seu negócio no viaduto desde a década de 2000. Deixou o espaço pouco antes da reforma e não pretende voltar mais. Transferiu sua loja para um ponto na Rua Jerônimo Coelho, ainda próximo na antiga unidade.
— O espaço é maior. Até atendemos menos clientes aqui, mas gastam mais. É outro tipo de público — diz o empresário.
Depois que a obra de revitalização estiver pronta, a prefeitura pretende conceder o viaduto Otávio Rocha à iniciativa privada. Para isso, foi contatada a empresa São Paulo Parcerias, que está desenvolvendo os estudos necessários para a licitação. Até o final de 2025, quando devem ter sido entregues os estudos, a Secretaria Municipal de Parcerias realizará o processo de escolha de quem ficará responsável pelo viaduto e pelas lojas.
"Não vamos segurar nada", diz secretário sobre novo prazo
A reportagem de Zero Hora esteve no local para conferir o andamento da obra. Nota-se que os trabalhos se intensificam no lado direito pelo sentido Centro-bairro, mas os tapumes — repletos de pichações — ainda não foram retirados onde já está quase pronta. Um dos trabalhadores da Concrejato Serviços Técnicos de Engenharia, empresa que executa a obra, disse achar "muito difícil" que a entrega ocorra em fevereiro. Ele não quis ser identificado.
Segundo Flores, ainda falta instalar estruturas de vidro nos acessos às escadarias internas, que ficarão na parte de cima do viaduto e terão formato parecido com o de uma caixa. Nas partes onde o cirex já foi colocado, um material chamado hidrofugante está sendo passado por cima. Ele funciona como uma espécie de tinta antipichação, mas é transparente.
Parte do piso do viaduto ainda não foi trocado. Também serão refeitos os canteiros centrais na Borges de Medeiros, do viaduto até a Avenida Salgado Filho.
— Trabalhamos com esse prazo, mas tenho um pouco de medo (de novo adiamento) por causa das caixas vidro. Os engenheiros dizem que dá, mas sou mais cético. Estamos acompanhando, pode ocorrer uma nova situação. Tão logo estiver pronto, vamos liberar. Não vamos segurar nada. Quando um dos lados estiver pronto, vamos entregar. Se for os dois ao mesmo tempo, melhor — completa o secretário.
A revitalização do viaduto Otávio Rocha teve sua ordem de início assinada em novembro de 2022. A conclusão estava prevista, inicialmente, para ocorrer 18 meses depois, em maio de 2024, mas alterações foram ocorrendo nos últimos meses. Chegou a ser prometido que um dos lados seria liberado antes para o fluxo de pedestres, o que não ocorreu.
A previsão inicial de investimentos na revitalização era de R$ 13,7 milhões, mas o custo da obra pode chegar até R$ 20 milhões, disse a secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura em setembro. A obra está sendo executada com recursos contratados pela prefeitura com a Corporação Andina de Fomento (CAF). Conforme a Smoi, o aumento no orçamento previsto ocorreu pois foi feito um aditivo para impermeabilização do viaduto, incrementando os trabalhos necessários.
Problemas no asfalto
Pedestres do Centro Histórico sentem falta do acesso pelas calçadas do viaduto. É por ali que muitos chegavam às paradas de ônibus nos dois sentidos da Avenida Borges de Medeiros. Desde que a obra começou, caminhos foram criados no asfalto. No lado esquerdo do sentido Centro-bairro, há um buraco no chão tapado por cones e estacas de madeira (veja o vídeo acima). Trata-se de uma obra de substituição das redes de esgoto do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae).
"Uma vistoria será realizada para o encaminhamento da conclusão do serviço e, consequentemente, repavimentação do trecho que foi aberto", garante o Dmae em nota.
O aposentado Vilson Souza, 71 anos, caminha quase todos os dias pelo trecho. Ele mora na Rua Jerônimo Coelho e andava rumo à uma lotérica na terça-feira (10) pelo caminho no asfalto.
— Pelo menos agora tem esse espaço. Há pouco tempo, a gente se arriscava caminhando junto aos carros. Era um perigo — diz.
Outro problema, mas que afeta os motoristas, são desníveis no asfalto. A maioria é causada por bueiros de empresas de telefonia desnivelados. Em um deles, onde o buraco é maior, a Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC) chegou a colocar um cone para alertar quem está no volante. Nos demais, os motoristas desviam, mas acabam invadindo a pista ao lado, onde passam ônibus. Procurada, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade diz que já começou os trabalhos para nivelar o trecho.