Moradores de um apartamento situado na Rua Coronel André Belo, no bairro Menino Deus, em Porto Alegre, depararam com um urubu na janela de casa. A ave, que mede entre 56 e 74 centímetros de altura e tem envergadura que pode chegar a 1,70m, pulou para dentro do quarto, localizado no nono andar.
— Essa é a segunda vez que isso acontece, e não sabemos como evitar — conta a proprietária da residência, Isara Marques.
A "invasão" aconteceu na quarta-feira da semana passada (16) e foi registrada pela faxineira que trabalhava no apartamento. No vídeo, é possível ver o animal na janela da residência e, após alguns segundos, ele pulando para dentro do quarto, assustando a funcionária.
— Depois de um tempo, o animal foi embora — completa Isara.
O professor de zoologia do curso de Biologia da Universidade Feevale, Marcelo Pereira de Barros, explica que o animal no vídeo se trata do urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus), o mais comum dos urubus.
— Temos três espécies de urubus no Rio Grande do Sul: o urubu-de-cabeça-preta, o urubu-de-cabeça-amarela e o urubu-de-cabeça-vermelha. O que aparece no vídeo é o urubu de cabeça preta, a espécie mais comum nas cidades, muito associada, por exemplo, a lixões, depósitos e resíduos humanos. E, claro, também está presente no campo, quando há animais em decomposição ou mortos — detalha Barros.
Conforme o professor, os urubus são considerados extremamente importantes, pois a limpeza dos terrenos é realizada por eles. No entanto, como uma grande quantidade de resíduos é gerada nas cidades, esses animais acabaram sendo adaptados ao convívio próximo ao homem. Como lugares pouco limpos e insalubres são frequentemente visitados por eles, a presença desses animais dentro de casa não é vista como algo desejável.
— Para evitar a entrada desses animais, é necessário manter as janelas fechadas. Devemos colocá-los para fora sem agredi-los, pois a fauna silvestre é protegida por lei e exige cuidado. Depois de conseguir afastá-los para a rua, é importante manter a janela fechada por alguns dias para que eles não retornem ao local — alerta.
Barros acredita ainda que o animal tenha entrado na residência em busca de um local para se abrigar do calor.
— Hoje em dia, temos pouca vegetação nas cidades, e como esses animais são pretos, eles absorvem muito calor. Por isso, procuram locais onde possam se abrigar — completa.
O que fazer
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade de Porto Alegre (Smamus) explica que, durante a primavera, os urubus estão em busca de locais para fazer ninhos e criar os filhotes. Por isso, é necessário providenciar o fechamento de aberturas como forros, portas de inspeção de caixas d'água e outras que fiquem no topo de prédios.
Dados de atendimento da secretaria de 2008 a 2018 mostram que a região com maior número de ocorrências na Capital é a Zona Norte (52,62%), seguida do Centro Histórico (22,04%). Isso porque as duas regiões são os locais da cidade mais procurados pela ave para fazer ninho, sendo 35,64% na Zona Norte e 32,23% no Centro.
"A Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) informa que urubus são animais silvestres que não costumam atacar. A entrada no imóvel provavelmente foi acidental, na busca por refúgio ou local para fazer ninho. A espécie desloca-se em grandes alturas, onde faz ninhos, como terraços e árvores", diz a prefeitura, em nota.
Se necessário, é possível solicitar vistoria do setor de Fauna Silvestre da Smamus pelos fones 156, 3289-7517 ou e-mail fauna.smams@portoalegre.rs.gov.br.
Produção: Leonardo Martins