Caminhoneiros que foram contratados para a limpeza dos bairros afetados pela enchente em Canoas, na Região Metropolitana, relatam que ainda não receberam o pagamento pelos serviços prestados. Eles foram selecionados por duas empresas a serviço do Grupo THV, que venceu o edital da prefeitura.
Um dos trabalhadores afetados é Mauro Lamim, de Rio Grande, no sul do RS. O caminhoneiro foi contratado por três meses, para realizar a limpeza com seis maquinários próprios. A promessa era 260 horas de trabalho ao mês por R$ 20 mil, com adicional para horas extras. Os pagamentos ocorreriam de forma quinzenal, mas não vieram.
— O único pagamento que recebemos por todo trabalho foi do período de 1º a 15 de julho. Ainda falta mais quinze dias desse mês e também de agosto. Atrasos podem ocorrer, mas o que revolta é a falta de retorno. Não estão preocupados se estão nos devendo — contou o caminhoneiro.
Os trabalhadores relatam que há colegas vindos de diversas regiões gaúchas, além dos Estados da Bahia e de São Paulo, que também não receberam.
O Grupo THV, de Minas Gerais, que venceu a licitação para a retirada de entulhos, contratou outras duas empresas. Foram estas companhias que selecionaram os profissionais e maquinários.
Diante da falta de pagamentos e de respostas, um grupo de caminhoneiros realizou uma manifestação nesta quinta-feira (10). O ato ocorreu no centro da cidade, próximo à sede da administração municipal.
Após o protesto, alguns trabalhadores foram recebidos pelo secretário de Serviços Urbanos, Lucas Lacerda. No encontro, foi estabelecido prazo até sexta-feira (18) para que a prefeitura faça repasses às empresas, que devem pagar os profissionais.
O Executivo de Canoas alega que a limpeza da cidade foi realizada com aportes dos governos federal, estadual e municipal. Uma parte do valor foi enviada à THV, no entanto, a administração aguarda novo repasse da União para a conclusão do pagamento. São esperados cerca de R$ 24 milhões, que viriam da Defesa Civil nacional.
De acordo com o secretário para apoio à reconstrução do RS, Maneco Hassen, o município encaminhou planos de trabalho solicitando apoio federal para diversas ações. Até o momento, foram pagos R$ 86 milhões. Mas há planos aprovados e que ainda não foram pagos. É o caso da limpeza da cidade. A solicitação para envio dos recursos já foi feita, mas não há data definida para o envio.
Procurado pela reportagem de Zero Hora, o Grupo THV não deu retorno.
Colaborou Fernanda Axelrud