Depois de 140 dias de interrupção em razão da enchente, o trensurb voltou a operar até Porto Alegre nesta sexta-feira (20). Os trens, agora, circulam do Vale do Sinos (Estação Novo Hamburgo) até a Estação Farrapos, na zona norte da Capital, entre as 5h e as 23h, com intervalo de 15 minutos.
O primeiro trem chegou à Farrapos às 5h35min. O auxiliar de serviço Francisco Mário, 42 anos, descia diariamente nesta estação antes de maio para, depois, pegar um ônibus até o trabalho, no bairro Petrópolis. Nos últimos 140 dias, sofreu dificuldades no deslocamento.
— Sem esse trem estava bem ruim pra gente. Porque se eu não saísse de casa cedo, pegasse o primeiro ônibus aqui chegaria no meu serviço bem atrasado. E agora com a retornada do trem melhorou mais um pouco, não totalmente mas até a Farrapos já tem uma ajuda boa — afirma.
Já o segurança André Faveiro ainda vai precisar fazer a baldeação de ônibus até o Centro para poder trabalhar. Saindo de Sapucaia de Sul, ele espera que os problemas sejam menores com a ampliação.
— Essa situação da gente ir até Canoas, como estava antes, era muito difícil. Agora, indo até a Farrapa, já dá uma boa melhorada, né. O pessoal pegava muita fila. Eu ainda pego esse primeiro horário, que é mais tranquilo, mas depois desses primeiros ficava pior. A gente espera que normalize e que eles consigam agilizar isso aí antes do final do ano.
Com os trens até a Farrapos, o serviço também volta a funcionar nas estações Fátima, Niterói, Anchieta e Aeroporto, estas duas últimas na capital gaúcha.
A tarifa de R$ 4,50 permanecerá sendo cobrada, incluindo o transbordo até o centro da Capital. Os ônibus vão sair da parada ao lado da Estação Farrapos e parar apenas no terminal Júlio de Castilhos, no Centro Histórico.
A empresa que irá realizar esse serviço será definida em licitação. A previsão é de que o edital seja publicado na próxima semana, com resultado ainda antes do dia 20. O documento estipula a contratação de 310 viagens por dia, podendo ser ampliada ou reduzida.
O contrato vigente com a Transcal deve ser encerrado. A estimativa da Trensurb é de que o número de pessoas que utilizam o ônibus diminua em comparação aos que precisavam do transporte desde a Estação Mathias Velho, em Canoas.
Além disso, para quem necessita descer em outros pontos da Zona Norte e da região central, haverá transporte integrado com as linhas da Carris.
A empresa informa que segue operando normalmente as linhas que possuem paradas nas estações da Trensurb em seus itinerários. Com a retomada do serviço do trem na Estação Farrapos, a integração direta com as linhas T2 e T2A volta a ocorrer como era até maio. O mesmo acontece na Estação Aeroporto, com as linhas T11 e T5. Nas demais estações, que permanecem fechadas, a integração dos ônibus é feita com outro coletivo contratado pela Trensurb. São elas:
- São Pedro (T8, T3 e T12 e 12A)
- Rodoviária (343, 353 e C1)
- Mercado (343, 353, C1, C2, C3 e C5)
A projeção do presidente da Trensurb, Ernani Fagundes, é de que a retomada das cinco estações leve a um aumento de 20 mil usuários por dia, um crescimento de 38% em relação ao movimento atual, de 52 mil passageiros diários. A meta é que, com o retorno das demais estações, se atinja a marca registrada antes de maio, de 110 mil.
Para chegar nesse cenário, a empresa segue prevendo a data de 24 de dezembro para ter todos os pontos retomados. O funcionamento da operação integral, no entanto, depende da reconstrução de uma subestação de energia, que foi destruída com os alagamentos.
— Para o dia de hoje, nós tínhamos controle sobre as variáveis, que era a capacidade técnica e ter os equipamentos adquiridos. Já a data de 24 de dezembro, como meta, ela fica condicionada ao resultado de uma licitação que está em curso. E eu não teria como antecipar o resultado de uma licitação. Eu não tenho como saber se o mercado vai responder positivamente. Respondendo positivamente no início de outubro eu saberei o vencedor da licitação e aí sim sentaremos com esse fornecedor e firmaremos a data definitivamente para o final de dezembro — afirma.
Essa reconstrução pela qual a Trensurb irá passar vai custar R$ 400 milhões. Desse total, o governo federal já repassou R$ 164 milhões. A empresa também irá direcionar outros R$ 20 milhões, que tem do seu orçamento, para recuperar o sistema.