Pelo menos 50 mil árvores serão inventariadas em Porto Alegre. A empresa Amato Paisagismo Ltda venceu a licitação para realizar o censo vegetal e já começou o trabalho. O valor investido pela prefeitura será de R$ 396 mil e o contrato tem duração até julho de 2025.
Para executar a tarefa está sendo utilizado o software Arbolink, contratado em abril de 2023 pelo Executivo municipal. Trata-se de uma ferramenta que realiza o mapeamento e o diagnóstico das árvores adultas existentes nos logradouros públicos, inclusive com capacidade para indicar a necessidade de extração de espécimes em casos de doença ou risco de queda.
— A partir do Arbolink fizemos o inventário do Centro Histórico e do Quarto Distrito com o nosso time do município. Agora temos um contrato para uma empresa fazer o inventário de toda arborização de Porto Alegre — afirma Germano Bremm, titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus).
O cadastro qualiquantitativo possibilitará que a prefeitura tenha dados mais precisos sobre as árvores na Capital e possa planejar a política pública em relação ao tema da arborização. Dessa forma, informações como altura, espessura, inclinações, posição em relação à via e outros indicadores botânicos serão coletados com o auxílio da plataforma Arbolink.
A escolha por começar o inventário pelo Centro Histórico e a região do Quarto Distrito ocorreu em função de ambos estarem envolvidos em um programa de investimentos do Banco Mundial. Um dos requisitos é haver informações em relação à população vegetal de cada localidade.
Segundo a coordenadora de arborização urbana da Capital, Verônica Riffel, o foco agora está no sistema viário das macrozonas da cidade. O trabalho vai do Centro em direção ao bairro Três Figueiras. Em seguida, o serviço será realizado nos bairros atingidos pela enchente na Zona Norte.
— Depois vamos incluir parques, praças e túneis verdes. Neste primeiro momento queremos entender como está a arborização do sistema viário — diz a coordenadora.
Conforme dados da Smamus, Porto Alegre apresenta 43,04% de sua área total coberta por vegetação arbórea. O bairro Sétimo Céu, na zona sul, possui 80,6% de cobertura e lidera a relação entre os mais arborizados (80.636 árvores). Por sua vez, o Navegantes, no Quarto Distrito, com apenas 4,5%, ocupa o último lugar, com 4.596 árvores.
Desafio do inventário será coletar corretamente os dados
Localizada no bairro Higienópolis, a Amato Paisagismo sempre trabalhou com arborização e conta com técnicos treinados, sendo biólogos ou engenheiros agrônomos.
— O maior desafio será a coleta correta desses dados que serão obtidos em campo através desse aplicativo. Este é um trabalho que junta a área da biologia com a do urbanismo — observa a técnica da empresa, Carla Gonçalves Amato.
Oito pessoas participam do trabalho feito nas ruas. Também há o acompanhamento de um representante da prefeitura. A próxima saída para catalogação das árvores será realizada na segunda-feira (30).
Porto Alegre é a primeira capital do país a contratar o serviço
O software Arbolink foi criado pela empresa Propark, localizada em Piracicaba, no interior de São Paulo. Porto Alegre foi a primeira capital a contratar o serviço.
A plataforma foi concebida com a ajuda da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) em 2017. O software ficou pronto no final de 2019. O diretor da Propark e engenheiro agrônomo, Marcelo Leão, compartilha a função da ferramenta.
— O objetivo é digitalizar e integrar todos os dados referentes às árvores urbanas. A plataforma Arbolink permite que a pessoa se oriente a partir do histórico de dados — explica.
As demais cidades que contam com o trabalho do software são Campo Grande (MS), Cordeirópolis (SP), Mogi Mirim (SP), Piracicaba (SP), São Paulo (SP) e Uberaba (MG).