Apenas quatro dos quinze cães que participaram da Feira de Adoção Pet, neste domingo (25), no Barra Shopping Sul, em Porto Alegre, conseguiram um lar.
— Tivemos um movimento menor do que na última feira (realizada em 28 de julho). Várias pessoas vieram, mas foram poucos (cães) adotados — afirma Manoela Bose, voluntária da ONG Santuário Voz Animal, que organizou a feira.
Apesar do número de adoções, Fernanda Ellwanger, fundadora da entidade, avalia que o evento foi importante para trazer visibilidade para a demanda de pets que ficaram sem casa e sem tutores após a enchente de maio.
Ela também pondera que é comum que adoções aconteçam dias depois das feiras, como resultado dos eventos.
— Nem todas as adoções são encerradas no dia. A gente costuma dizer que são plantadas sementes no dia da feira. Muitas pessoas se sensibilizam, gostam de um cachorrinho, alguns ficam de pensar, de responder depois o formulário de adoção. Nem todas as adoções frutos da feira se efetivam na feira. Esperamos que nos próximos dias saiam outras adoções que foram iniciadas hoje — comenta.
Cem dias órfãos
A ONG Santuário Voz Animal acolhe atualmente cerca de 60 animais que foram salvos da cheia. O número, no entanto, já chegou a quase 600, divididos entre lares temporários e abrigos físicos.
Em todo o Rio Grande do Sul, são cerca de 3,5 mil bichinhos ainda sem casa em razão da enchente e que aguardam por um lar amoroso. Esses animais estão espalhados pelos municípios afetados pela cheia, em diferentes abrigos. O dado é do governo do Estado, que assinala que o índice foi ainda maior em maio, logo depois que aconteceu o evento climático, com cerca de 20 mil animais sem donos.
— O que mais nos motiva a achar logo um lar para esses quase 70 cães é que antes das enchentes eles tinham uma família e hoje estão há mais de cem dias sem ganhar o amor que tanto merecem — comenta a voluntária Manoela.
Assim como a ONG Santuário Voz Animal, outros abrigos já relataram para a reportagem da Zero Hora preocupação com o futuro desses animais, além de uma sobrecarga dos voluntários que realizam o trabalho de cuidado e busca ativa por adotantes diariamente.
— Eles (animais) precisam de lares o quanto antes para que consigam ter uma vida digna e cheia de amor novamente — analisa Manoela.