Em 15 dias, três galpões localizados no campus da Ulbra, em Canoas, estarão prontos para dar início à montagem das lâminas de aço galvanizado que colocarão em pé 500 novas moradias pré-fabricadas para os desabrigados da enchente de maio, em Porto Alegre e na Região Metropolitana. O projeto prevê a entrega das residências de 44 metros quadrados, que serão instaladas em terrenos destinados pelo governo do Estado, até novembro. A iniciativa será viabilizada com investimento avaliado em cerca de R$ 55 milhões, custeado por meio de doações capitaneadas pelo movimento União BR.
A casa 01/500, como é chamada a primeira de um lote que ainda contará com outras 499, teve sua produção iniciada na fábrica da SteelCorp, em São Paulo, na quarta-feira (26), às 14h. Em três horas, a estrutura foi painelizada.
Às 17h do mesmo dia, começou a ser montada e, nesta quinta-feira (27), já foram feitas as primeiras imagens, ainda sem o acabamento da estrutura, conforme comenta o presidente da empresa, Daniel Gispert.
Segundo ele, isso só foi realizável em razão da utilização de uma técnica denominada steel frame, que possibilita reduzir de 60 quilos para 19 quilos por metro quadrado a necessidade de aço nas construções. O método, garante Gispert, não produz resíduos, evita umidade e mofo e é 100% sustentável.
Com o ganho em leveza e agilidade, também é possível montar até seis casas por dia, uma média de 130 unidades por mês. As primeiras cem serão produzidas na fábrica de Cotia (SP) e a montagem será realizada em Canoas, nos Barracões da Ulbra, até o final de agosto.
A partir de outubro, 100% do processo ocorrerá no Rio Grande do Sul. O superintendente da Ulbra, Jackson Trindade, explica que para isso será realizada uma parceria com a ONG Mulheres em Construção para a formação das profissionais que atuarão nos projetos.
Indefinição para as áreas de instalação
Apesar da celeridade prometida no anúncio, ainda faltam definições em etapas fundamentais para a execução dos cronogramas no tempo pretendido. Questionada, a Secretaria de Parcerias e Concessões, órgão que centraliza a ação no governo do Estado, informa que até o momento ainda não tem respostas a respeito de quais critérios balizarão a escolha das famílias beneficiadas, nem sobre a localização das áreas disponibilizadas para as moradias e em quais cidades da Região Metropolitana.
A assessoria do órgão explica que a rotina da reconstrução no governo do Estado funciona como um hub transversal, ou seja, que recebe os projetos e, nesse caso, encaminha para as pastas envolvidas, dentre as quais a Secretaria de Habitação e Desenvolvimento Social. A ideia é que um desenho mais consolidado do projeto seja divulgado nos próximos dias e que a decisão sobre quem receberá os benefícios passe pelos municípios afetados pela tragédia climática.
Parceria para viabilizar casas mobiliadas
O movimento União BR, que se apresenta como "maior hub de emergências da América Latina", é o idealizador do projeto. Além da intensificação da campanha de doações para financiar as 500 moradias, a co-fundadora Marcella Balthar antecipa que a organização busca parceiros na região para conseguir entregar as 500 casas já mobiliadas.
O compromisso assumido é com a entrega das 500 moradias em três meses. As primeiras cem em agosto. E, a partir disso, cerca de 130 por mês até novembro. Marcella diz que, para isso, seria necessário articular parecerias com empresas locais e comenta que uma parte do investimento necessário já foi captado, mas há necessidade de angariar mais recursos. Na quinta-feira, por exemplo, somente um doador garantiu cem moradias.
— A gente tem esse prazo que é extremamente rápido, porém viável. Abrimos a campanha de arrecadação de recursos na segunda-feira e a fábrica da SteelCorp aqui em São Paulo está preparada para o desafio — garante.