Com o nível do Guaíba subindo nos últimos dias, a água voltou a avançar sobre pontos da zona sul de Porto Alegre, afetando imóveis e tirando famílias de casa. Especialista ouvido pela reportagem de GZH e a Defesa Civil municipal afirmam que os eventos observados na zona sul da Capital ocorrem diante de Guaíba estacionado em patamar elevado e incidência de vento forte na região. Essa combinação de fatores criou ondulações na água, que acabaram atingindo algumas residências.
“A Zona Sul foi a primeira região afetada no final do mês de abril. Após isso, a situação estacionou. Ontem, com a virada para vento sul e o nível do Guaíba alto, ocorreu mais alagamentos, dessa vez com ondas devido ao vento”, informou a Defesa Civil da Capital por meio de nota.
Professor do Departamento de Hidromecânica e Hidrologia do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fernando Dornelles, também atribui o fenômeno ao vento observado na região.
— Ontem (segunda-feira), a gente teve esses ventos de sul, sudoeste ali, que pegaram bem de frente. A enseada vai dobrando um pouco ali. O Guarujá, Ipanema e o Lami pegaram meio que de frente o vento.
O vento forte atuando sobre a água em nível elevado do Guaíba acaba gerando ondas, que aumentam a invasão da água sobre alguns pontos de terra firme em momentos de maior perturbação, segundo Dornelles:
— Esse efeito tem duas características do vento. A velocidade e a distância que ele corre, que a gente chama de distância de pista, ou seja, o comprimento sobre a superfície de água. Então tem esses dois efeitos. Quando a gente pega um alinhamento de vento que corre um grande percurso sobre a água, ele tem esse efeito maior, essa capacidade maior de elevação do nível.
O professor afirma que, se a região contasse com sistema de dique mais robusto, parte desse efeito poderia ter sido absorvido. No entanto, realizar essa intervenção na região exige estudo aprofundado, porque muda a estrutura de diversos pontos da orla na zona sul.