
Um grupo formado por ex-diretores do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) e do extinto Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), especialistas e pesquisadores divulgou manifesto com dicas para melhorar o sistema de proteção contra inundações de Porto Alegre. Segundo o grupo, o sistema não está funcionando adequadamente em razão da falta de manutenção permanente.
As propostas buscam soluções para o momento atual e para o futuro. Na parte emergencial, citam ações como vedação de comportas, uso de mergulhadores e uso de bombas volantes para tentar drenagem de pontos alagados. Nas medidas de médio e longo prazo, destacam reforço na manutenção e troca de equipamentos.
Um dos signatários do documento é Guilherme Barbosa, diretor-geral do Dmae entre janeiro de 1989 e abril de 1992, na gestão de Olívio Dutra (PT). Sobre a ideia de elaborar o documento, Barbosa afirma que boa parte do grupo é ligada ao Sindicato de Engenheiros (Senge-RS).
O documento é assinado por 33 pessoas (leia a íntegra abaixo). O grupo destaca ser necessário e urgente "recriar estrutura de primeiro escalão, o DEP ou semelhante", para dar prioridade à atividade. O DEP foi extinto em 2017, em lei proposta pelo então prefeito Nelson Marchezan (PSDB) e aprovada na Câmara de Vereadores. Na ocasião, os serviços da autarquia foram incorporados ao Dmae. No ano anterior, sob a gestão de José Fortunati (então no PDT), reportagens de GZH revelaram esquema em que, sem fiscalização, uma empresa de limpeza de bueiros superfaturava valores dos serviços, que também eram executados com baixa qualidade.
O grupo informou que enviou o texto para a prefeitura e solicitou audiência com o prefeito Sebastião Melo (MDB). Eles afirmam que, com ações imediatas, as águas internas de Porto Alegre poderão ser bombeadas para o Guaíba, sem que retornem. O Dmae informou, por meio da assessoria de comunicação, que recebeu o manifesto, "mas ainda não teve tempo de analisar, pois está trabalhando para colocar em operação os serviços essenciais da cidade".
Medidas emergenciais propostas pelo grupo
- Usar mergulhadores para vedar as comportas do muro da Avenida Mauá e da Avenida Castelo Branco, com sacos permeáveis à entrada de água, preenchidos com areia misturada com cimento, borrachas e parafusos.
- Com o serviço de mergulhadores, vedar as comportas e colocar ensecadeiras (barragens provisórias com a finalidade de fechar uma região do curso d'água) nas casas de bombas com stop logs (elementos de engenharia para controle hidráulico), solda subaquática e bolsas infláveis de vedação.
- Vedação hermética das tampas violadas dos condutos forçados Polônia e Álvaro Chaves.
- Em um cenário com casas de bombas secas e protegidas, reenergizá-las com redes paralelas de cabos isolados pela CEEE Equatorial. Se não for possível, utilizar geradores movidos a combustível nas casas de bombas.
- Caso não seja possível operar imediatamente as casas de bombas, utilizar bombas volantes de grande vazão para drenar o Centro e os bairros da região norte da Capital.
Propostas para cenário após a inundação
- Conserto imediato e, se necessário, eventuais substituições, das comportas.
- Contratar a regularização do funcionamento das casas de bombas, incluindo a sua ampliação e aperfeiçoamento. Plano elaborado pelo DEP em 2014 pode ser usado como referência.
- Retomar o plano de desenvolvimento da drenagem urbana, elaborado desde 1998, entre IPH/UFRGS e DEP.
- Completar, aperfeiçoar e manter o sistema de drenagem urbana e de proteção contra inundações permanentemente.