Uma nova projeção, emitida nesta segunda-feira (20) pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da UFRGS, estima que o nível do Guaíba permaneça acima da cota de inundação, isto é, acima dos 3 metros, até o início de junho. O comunicado projeta que, no melhor cenário, a água vá ficar abaixo deste nível em 3 de junho.
Outro detalhe destacado neste novo boletim é de que o Guaíba deve baixar do nível dos 4 metros ainda nesta semana. Essa estimativa considera um cenário sem interferência negativa do vento e sem chuva expressiva.
A análise é produzida pelos hidrólogos Fernando Fan, Rodrigo Paiva e Matheus Sampaio (leia abaixo a íntegra), do IPH da UFRGS. Os pesquisadores destacam que há previsão de chuva entre esta terça (21) e quinta-feira (23), que podem representar acumulados de 150mm em parte do Estado. Além disso, salientam a possibilidade de vento sul forte na sexta-feira (24), o que dificulta o escoamento da água do Guaíba e da Lagoa dos Patos rumo ao Oceano Atlântico.
Dezoito dias acima da cota de inundação
Nesta segunda-feira (20), o Guaíba completa 18 dias com o nível acima da cota de inundação. Às 14h15min, a medição marcava 4m26cm. O controle é feito por meio de uma régua instalada na altura do Cais Mauá, no centro da Capital.
Quando ultrapassa os 3 metros no centro de Porto Alegre, o Guaíba começa a avançar sobre o cais do porto. A partir deste ponto, o Centro Histórico depende da eficiência do sistema de proteção contra cheias — que inclui o muro da Mauá, comportas, diques e casas de bombas — para não ser tomado pelas águas.
Nesta enchente, o nível do Guaíba passou dos 3 metros no dia 2 de maio, às 13h15min. No dia seguinte, o Guaíba passou dos 4 metros. Em 4 de maio, foi rompida a barreira dos 5 metros.
O recorde histórico foi batido na madrugada seguinte. Em 5 de maio, às 5h15min, a régua marcou 5m35cm.
Leia a íntegra do boletim emitido pelo IPH nesta segunda-feira (20):
Resumo
Os cenários de previsão indicam cheia duradoura, com redução lenta dos níveis. Deve reduzir para abaixo dos 4 m durante a semana. Pode ocorrer represamento do Guaíba pelo vento sul forte previsto para sexta-feira, causando nova elevação para a casa dos 4m. Chuvas durante a semana também poderão contribuir com elevação dos níveis e prolongar a cheia acima de 3 m em junho.
Níveis recentes
O Guaíba apresenta níveis elevados em torno de 4,29m (12h). O pico registrado até o momento ocorreu no dia 5/5 em torno de 5,35m. Iniciou recessão lenta em 8/5 até 4,56m no 11/5 (sábado). Apresentou repique desde domingo passado (12/5) com maior elevação na terça-feira (14/5) superando 5,2m. Apresentou redução lenta até 4,24m no domingo (19/5), com episódios de represamento de até 10 cm pelo vento sul.
A principal preocupação do momento é como será a descida e duração em níveis elevados em função de possíveis chuvas e efeito do vento.
Observações hidrológicas e previsão meteorológica:
Após o repique da semana passada, os rios afluentes ao Guaíba apresentam redução dos níveis, sendo os baixos Taquari e Cai já em recessão em níveis moderados, e Sinos e Jacuí elevados com redução lenta. Nas últimas 24h não houve precipitação significativa. Precipitação acumulada de até 30mm nas partes norte das bacias do Guaíba nos últimos 5 dias.
Não há previsão de chuvas para as próximas 24h. Previsão de elevados volumes de chuva ao longo da semana, iniciando na terça feira, com mais intensidade na quarta na fronteira sul e se deslocando para o centro do estado na quinta feira. Acumulados superando os 100 mm podendo chegar a 150 mm nos próximos 5 dias em muitas regiões do estado. Vento sul na segunda-feira (até 40 km/h), virando para nordeste na terça e quarta, e retornando vento sul forte na sexta feira (até 70 km/h).
Previsão de níveis:
Considerando todas as incertezas envolvidas e com base em análise das observações até momento, foram desenvolvidos novos cenários de previsão.
Os cenários de previsão indicam cheia duradoura, com redução lenta dos níveis. Deve reduzir para abaixo dos 4m durante a semana. Pode ocorrer represamento do Guaíba pelo vento sul forte previsto para sexta-feira, causando nova elevação para a casa dos 4m. Chuvas durante a semana também poderão contribuir com elevação dos níveis e prolongar a cheia acima de 3m em junho.
Recomendações:
Considerando a elevada duração prevista e possibilidade de novas elevações, recomenda-se atenção a possibilidade de retorno das águas em regiões recentemente drenadas; atenção especial a população afetada; e ações imediatas para manutenção das infraestruturas e serviços essenciais como o saneamento básico.
*Fonte: Estas previsões são desenvolvidas voluntariamente pelo Instituto de Pesquisa Hidráulicas (IPH) da UFRGS, em colaboração com a RHAMA Analysis, com base na combinação de observações de chuva e vazão dos rios, modelo de previsão meteorológica, hidrológica e hidrodinâmica. Estas previsões foram elaboradas sob a liderança dos Professores Fernando Fan e Rodrigo Paiva e pelo Eng. Matheus Sampaio (mestrando no IPH/UFRGS e engenheiro da Rhama Analysis). 20/05/2024, 12h.