As rajadas de vento, atualmente vindas do Sul, devem mudar de direção já nesta quinta-feira (28), deixando de atrapalhar o escoamento do Guaíba, cujo nível ultrapassou a cota de inundação na manhã desta quarta-feira (27). O vento sul, direção que mais contribui para o aumento, eleva o represamento das águas, sendo capaz de incrementar os índices no Guaíba.
Para reduzir o volume, é necessário que o Jacuí baixe. O Guaíba recebe água dos rios Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí, além da que vem da chuva e dos arroios.
— Tivemos muita chuva em todo o Estado no último mês, a Região Leste foi bem afetada, então tivemos volumes de água elevados em todos esses rios. E o Jacuí reteve muita água na primeira metade do mês, demorou para chegar no Guaíba, que subiu bastante e manteve uma estabilidade de nível elevado ao longo do mês — afirma Pedro Camargo, hidrólogo da Sala de Situação.
O Guaíba escoa para a Lagoa dos Patos, que também está com níveis elevados — esse é um dos fatores responsáveis pelo represamento da água que se verifica.
O outro motivo, segundo Camargo, é justamente esse vento sul. As rajadas dessa direção começaram na noite de terça-feira (26) e devem persistir ao longo desta quarta, com velocidade máxima de 80 km/h, aponta a meteorologista da Sala de Situação, Vanessa Gehm.
— É o que temos agora: a Lagoa dos Patos está com níveis elevados e vento sul está forte por conta de um sistema de baixa pressão. Ambos ajudam a represar a água — esclarece o hidrólogo.
A previsão indica que o vento passará a ser de leste na quinta-feira (28) e de nordeste nos próximos dias. Camargo destaca que a tendência é que a mudança possa auxiliar no escoamento e que diminua a intensidade da elevação do nível do Guaíba, para, depois, entrar em estabilidade.
— O que vamos ter é a mudança da direção do vento para uma que não atrapalha o escoamento, mas a Lagoa dos Patos ainda estará elevada e temos bastante volume de água chegando do Jacuí. Para amanhã, devemos ter uma condição mais normal e declínio do nível do Guaíba — comenta o hidrólogo, acrescentando que, para auxiliar, teria que ser um vento de noroeste, no sentido exato do escoamento.