A vazão de esgoto pluvial pelos coletores alagou trechos de ruas e avenidas nos bairros Menino Deus e Praia de Belas, na tarde desta quarta-feira (22), em Porto Alegre. A situação deixou em alerta e reprisou o sentimento de medo entre moradores da região, que tiveram de deixar suas residências há cerca de duas semanas pela inundação. Em meio à limpeza dos ambientes e remoção de objetos estragados, ruas foram bloqueadas em protesto.
— A gente iniciou a limpeza no sábado, quando a água começou a baixar. Tem muita coisa perdida. Agora estão dizendo que a água está voltando. Nem tiraram este entulho daqui. Vai virar um baita problema — reclama o servidor Paulo Pires, 59 anos.
Ele e outros moradores da Rua 17 de Junho, no bairro Menino Deus, onde grandes pilhas de entulho podem ser vistas na frente de cada residência, passaram a amontoar os descartes no meio da via, como forma de chamar a atenção das autoridades públicas.
— Minha casa está aqui agora — desabafa a auxiliar de cozinha Elinara Pedroso, 41 anos, apontando para um aglomerado de partes deformadas de móveis e utensílios domésticos que não puderam ser aproveitados após a enchente, inédita para os moradores naquela rua. — Morei toda minha vida aqui neste prédio. Nunca havia acontecido nada parecido — relata.
O receio de que a água que brotou de bueiros voltasse a alterar a rotina também fez moradoras do bairro Praia de Belas se reunirem para buscar informação. Na calçada da Rua Barão do Gravataí, as irmãs Danielle e Gabrielle Viegas, 30 e 24 anos, observavam, na companhia de vizinhas, o avanço da cheia pela Avenida Praia de Belas.
Segundo elas, o avanço da água foi percebido às 16h. Às 17h30min, não haviam obtido acesso à informação sobre o que teria causado o alagamento.
— É uma insegurança o que a gente volta a sentir, com este alagamento em um dia de sol em que a enchente está baixando em todos os lugares. A população necessita que a prefeitura divulgue informações corretas e no tempo certo. A gente não quer reviver aquele pavor dos avisos de última hora. Precisaremos passar o resto da vida com uma mochila pronta para sairmos de casa a qualquer momento? — questiona a irmã mais velha.
O que diz o Dmae
A reportagem solicitou entrevista nesta tarde, disponibilizando espaço para o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Maurício Loss, relatar sobre o ocorrido e trazer informações para a comunidade afetada. Até o início da noite, o pedido não havia sido atendido.
Antes, em postagem em rede social, o Dmae apontou que houve desligamento momentâneo em estação de bombeamento:
O que diz o DMLU
Já o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) informou que o serviço de recolhimento está operando em uma força-tarefa. Conforme o cronograma de trabalho, 17 locais foram contemplados nesta quarta-feira (22).
Entre eles, constava o bairro Menino Deus. No entanto, as ruas 17 de Junho, André Belo e Barão do Gravataí, onde a reportagem ouviu moradores e registrou os protestos, o serviço não havia sido efetuado até o começo da noite.
O DMLU não havia publicado informe sobre o cronograma de atendimento da demanda nos próximos dias até o fechamento desta reportagem.