Com o nível do Guaíba baixando, as águas seguem recuando também nas ruas alagadas do bairro Ipanema, na zona sul de Porto Alegre. A energia elétrica foi religada na maior parte do bairro. Moradores de áreas mais secas aproveitam para começar o processo de limpeza das casas.
Na casa de Marcelo Petroli, morador da Rua Ladislau Neto, a água já baixou. Porém, é preciso caminhar pelo alagamento até chegar no portão.
— Vim aqui no sábado pela última vez. De lá para cá, baixou bastante. Então, já estou aproveitando para fazer a limpeza — afirma Marcelo.
É possível transitar de carro pela Avenida Guaíba, entre a Rua Dea Coufal e a Avenida Flamengo. Depois, o alagamento persiste. Ao longo do trajeto, as águas do Guaíba seguem invadindo a faixa de areia e alcançam as calçadas. Na margem, tornou-se frequente encontrar urubus no entorno de lixo e material orgânico trazido pela cheia. Nas residências que beiram a Orla, parte teve danos parciais na estrutura ou muros que cederam.
Na maior parte desses trechos, é possível perceber que a água acumulada vem do avanço do próprio Guaíba. Por outro lado, há casos como a Rua Otelo Rosa, onde o esgoto transbordou e o odor é muito forte.
Nessa rua, a aposentada Helena Noal, 72 anos, está desde a tarde desta segunda-feira (20) fazendo a limpeza da casa da família. Ela alega que ainda não conseguem ficar no local.
— Acho que vai ser impossível, porque mesmo os lugares que não foram afetados pela água, há umidade que ficou dentro da casa toda fechada. O teto está mofado, então não tem condições de voltar pra casa agora — explica ela.
Assim como a família de Helena, moradores do bairro Guarujá também já começaram a limpeza de casas na medida que o Guaíba recua a um nível acessível pra chegar até as residências. O problema é que o bairro está sem energia elétrica. A Unidade Básica de Saúde (UBS) do Guarujá segue sem luz e encaminhando pacientes pra outras da região.
— Estamos há 15 dias sem luz. Agora, com a água mais baixa, está dando para limpar, mas não tem como ficar aqui sem energia — afirma Daniel Barreiro, 56 anos, morador do bairro há três meses.
A Serraria foi outro bairro visitado pela reportagem de GZH. A estrada da Serraria segue completamente inundada, com bloqueio total. Os moradores da Vila dos Sargentos seguem tendo acesso às casas somente com transporte de caminhão do exército.