A operadora de patinetes Adventure optou por retirar o serviço de compartilhamento dos equipamentos em Porto Alegre. A startup de micromobilidade, que oferecia os veículos elétricos desde novembro de 2019, encerrou o funcionamento na Capital em 15 de março.
O diretor-executivo da Adventure, Eliakim Fernando Alvarez, afirma que a decisão passa por questões estratégicas e de mercado. A empresa disponibilizava 250 patinetes elétricas para os usuários em pontos estratégicos da cidade.
— O mercado de Porto Alegre me deixou descontente com as questões que foram implementadas com as multinacionais (Whoosh e Jet) — revela.
O diretor-executivo diz que a crítica não é em relação à chegada das concorrentes de peso, mas sim ao elevado número das patinetes permitidas atualmente pela prefeitura nas ruas. A Capital já conta com mais de 1,3 mil delas.
— Por nossa empresa não compactuar com isso preferimos retirar os equipamentos das ruas no município — observa, sem descartar o retorno no futuro.
Há quase cinco anos, a Adventure iniciou a operação com 20 patinetes na região da Orla. No começo, era em parceria com a paulista FlipOn, que saiu posteriormente da sociedade.
Em outubro de 2023, a startup porto-alegrense recomeçou sozinha com o aplicativo Adventure Mobi. As patinetes oferecidas passaram a ser na cor laranja.
Questionado sobre os principais problemas enfrentados na rotina do serviço em Porto Alegre, Alvarez menciona o vandalismo e as tentativas de furto. O diretor-executivo relata que em algumas regiões, especialmente nos morros ao redor da Orla, o cenário era complicado.
— Fizemos um trabalho onde pedimos para os usuários não levar os equipamentos para dentro das comunidades, porque trazia transtorno para muita gente, inclusive para os moradores.
Conforme estima, em torno de 15% a 20% da frota da empresa na Capital sofria de atos de vandalismo todos os meses. No Litoral Norte, o cenário é ainda pior, sendo de 20% a 25%. Para o empreendedor, com o maior volume de patinetes espalhadas pelas ruas, o problema tender a crescer.
— O volume causa a desordem e, por consequência, o aumento no número de tentativas de furtos e vandalismo — pondera.
Apesar de não oferecer mais o serviço na Capital, a startup não rompeu o vínculo contratual com a prefeitura. Dessa maneira, pode voltar a operar na cidade no futuro sem precisar passar por trâmites burocráticos.
A Adventure ainda mantém o serviço em Capão da Canoa, no Litoral Norte do RS, e nos estados de Santa Catarina e da região Nordeste. Também planeja começar a operar em Gramado e Canela até a próxima sexta-feira (19). Serão 100 patinetes distribuídos nas duas cidades da Serra. O serviço deverá ser oferecido em parceria com estabelecimentos como hotéis e cafeterias.
O que diz a prefeitura
A reportagem de GZH questionou a prefeitura, por meio da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), sobre a saída da Adventure de Porto Alegre. Confira, abaixo, a nota enviada pela gestora do trânsito e transporte na Capital:
"A Empresa Pública de Transporte e Circulação informa que não recebeu nenhum comunicado da empresa Adventure, que segue com a permissão para a prestação do serviço.
Sobre a operação da startup, entendemos que trata-se de uma decisão da empresa.
Consideramos a micromobilidade como um importante complemento do sistema de transporte e a operação de patinetes compartilhadas faz parte do projeto de qualificação urbana de Porto Alegre."