Uma audiência de mediação entre o iFood e o Sindicato dos Motociclistas e Ciclistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindimoto-RS) terminou em acordo no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4). A plataforma se comprometeu a disponibilizar, a partir de 18 de março, dois locais para descanso dos entregadores em Porto Alegre.
Segundo o sindicato da categoria, serão dois prédios, semelhantes a pavilhões, nas ruas Dr. Timóteo e Silva Só. Lugares próximos a restaurantes e onde há grande movimentação.
O presidente da entidade avalia como uma conquista histórica. A mediação conduzida pela Justiça do Trabalho teve início em outubro do ano passado.
— Tem dias em que nós temos as quatro estações do ano, perdemos trabalhadores em temporais, em chuva, e o que era pior: eles não tinham lugar para ficar - e ainda não tem, porque serão inaugurados agora no dia 18 dois locais onde não precisarão ficar mais na rua, ao relento. Terão lugar adequado para almoçar, jantar, tomar um café, carregar celular. É uma valorização de suma importância, haja vista que já tivemos motociclista agredido enquanto aguardava entrega. Agora eles terão um espaço só deles, com água potável, com banheiros, até uma questão de saúde — comenta Valter Ferreira da Silva.
Os pontos foram definidos em conjunto pelo Sindimoto-RS e o iFood, mas serão custeados pela plataforma de entregas. O sindicato tem a expectativa de que outros locais sejam disponibilizados futuramente.
Questionado se apenas motoboys e ciclistas vinculados ao iFood teriam acesso aos dois espaços, Valter respondeu que a proposta é de manter as portas abertas para quaisquer profissionais, independente do aplicativo.
— Por que vamos tolher o direito de um que tem outro vínculo se ele tem necessidade de usar o banheiro, tomar uma água? Isso seria um preconceito. Existe é aquele ditado: "ou é para todos ou é para ninguém".
Comissão é criada para resolução de problemas
Além dos locais de descanso, o acordo resultou na criação da Comissão de Conciliação Prévia (CCP). Trata-se de um mecanismo para soluções de problemas, especialmente os de ordem operacional, como questões relacionadas a seguros, bloqueios e problemas nos cadastros na plataforma.
— Isso gera um prejuízo enorme para quem está no ramo da telentrega. Agora, qualquer caso que envolva o trabalhador, nós vamos, através da CCP homologada pelo TRT-4, chamar a empresa, juntamente com o trabalhador, para resolver a situação num curto período de tempo — afirma o presidente do Sindimoto-RS.
— Esta iniciativa, que se soma a uma série de mediações bem-sucedidas que já realizamos juntos no passado, marca mais um passo importante na nossa jornada de valorização e diálogo contínuo com os entregadores, que são essenciais para o nosso negócio. Reforça nosso compromisso histórico de ouvir ativamente e resolver as questões trazidas pela categoria de forma ágil e efetiva — destaca o diretor de Impacto Social do iFood, Johnny Borges.
Discussão nacional
Após a sessão realizada na Justiça do Trabalho nesta terça-feira (5), a mediação foi suspensa por 90 dias. As partes não chegaram a um consenso com relação a pontos como reajustes e estipulação de pagamento mínimo da taxa, da hora conectada ao aplicativo e de hora mínima aos trabalhadores.
O tema é discutido junto ao governo federal e as partes decidiram aguardar a evolução das tratativas em Brasília.