Para não repetir a já conhecida falta d’água decorrente da falta de luz nos dias mais críticos do verão, o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) fez a contratação por 90 dias de seis geradores e três transformadores. Trata-se de uma estratégia da prefeitura para tentar garantir o serviço em uma das regiões que mais sofrem com desabastecimentos em Porto Alegre.
As estruturas serão instaladas na Estação de Tratamento de Água (ETA) Belém Novo, onde ficam três equipamentos fundamentais: um de captação de água no Guaíba e tratamento e dois sistemas de bombeamento — Boa Vista e Restinga.
O processo de locação está em fase de finalização e os equipamentos devem chegar nos próximos dias, para entrar em funcionamento na sequência. O custo será de R$ 2,1 milhões.
Joice Becker, diretora de Tratamento e Meio Ambiente do Dmae, explica que os geradores ficarão permanentemente instalados durante o período da contratação. Em caso de a energia elétrica da concessionária faltar, os equipamentos são imediatamente acionados para entrar em ação.
Com a contratação dos geradores, portanto, a expectativa é de que os bairros atendidos pela ETA não tenham falta d’água, pelo menos no período mais crítico do verão.
— O que podemos esperar neste período em que tivermos os equipamentos é que para qualquer falha de energia elétrica da concessionária teremos uma fonte alternativa que vai estar disponível no local. Eventos de falta de água de cinco horas, como os que tivemos, não devem acontecer enquanto tivermos uma fonte em segundo plano — garante Joice.
Outras regiões da cidade também costumam sofrer com desabastecimentos, mas a escolha pela estação de Belém Novo para receber os geradores se dá pela relevância dela.
Além da zona sul da Capital, a estação de Belém Novo abastece alguns pontos da Zona Leste. A ETA fornece abastecimento de água a uma média de 400 mil pessoas. A estação tem capacidade para 1,1 mil litros de água tratada por segundo.
— A estação atende a uma região que está sob uma pressão muito grande de expansão da população e qualquer lacuna de parada dela gera um desabastecimento bem maior do que em outras regiões da cidade, justamente porque a capacidade dela está no limite. Por isso, a relevância do local — explica a diretora do Dmae.
Garantia de abastecimento
A contratação dos geradores ocorre após uma série de episódios de falta d’água em Porto Alegre. O prefeito Sebastião Melo chegou a solicitar a instalação dos equipamentos para a CEEE Equatorial, concessionária que fornece energia elétrica à cidade. Os pedidos, no entanto, não têm previsão regulatória nem contratual, conforme informou a Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) para a reportagem de GZH.
Além de afirmar que a atribuição de instalar geradores inexiste, a Agergs destacou que, tratando-se de serviços essenciais, é recomendável que cada órgão público avalie providenciar os seus equipamentos de geração de energia para manter os serviços operantes em momentos de desabastecimento elétrico.
Após a última crise de falta d’água e a diretriz sinalizada pelo prefeito, o Dmae buscou no mercado empresas que pudessem fornecer os geradores. Segundo a diretora da empresa pública, são poucas as empresas que têm capacidade para atender a uma demanda tão específica e em curto espaço de tempo. Um estudo elaborado pelo Dmae ajudou a dimensionar demanda necessária e a especificação dos geradores que estão sendo contratados.