Um grupo de 46 entidades representativas de setores empresariais de Porto Alegre lançou, nesta segunda-feira (6), o movimento Porto Alegre+, corrente de propostas para que o novo plano diretor da cidade projete uma urbanização que gere empregos e qualidade de vida. Entre as sugestões a serem apresentadas na revisão conduzida pela prefeitura estão a preocupação com o eixo entre a Avenida Ipiranga, o Centro Histórico e o Quarto Distrito.
Na visão do presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (Sinduscon-RS), Claudio Teitelbaum, porta-voz do movimento, os investimentos em mobilidade urbana e na chamada “densificação ordenada” — por meio da qual mais trabalhadoras e trabalhadores teriam condição de adquirir imóveis próximos aos centros comerciais da cidade — podem gerar uma cidade mais miscigenada, inclusiva e acolhedora para viver, trabalhar e investir.
— Urbanismo nada mais é do que melhorar a cidade para as pessoas. Temos como objetivo a mobilização e a conscientização da sociedade — disse Teitelbaum no evento de apresentação do movimento, feito no Hotel Ritter, no centro de Porto Alegre, na manhã desta segunda.
Segundo Teitelbaum, as propostas do movimento foram elaboradas a partir de uma pesquisa, encomendada junto à empresa Space Hunter, que mapeou a distribuição de renda, perfis etários e de produtividade ao longo da geografia da Região Metropolitana. O estudo concluiu que os imóveis das regiões próximas à Terceira Perimetral — como os bairros Mont Serrat, Três Figueiras, Bela Vista, Auxiliadora e Moinhos de Vento — têm valores elevados, fazendo com que o crescimento populacional se concentre no nordeste da cidade, em direção a Alvorada, Gravataí e Cachoeirinha.
A reversão disso e retomada do equilíbrio entre preços e qualidade de vida dos trabalhadores, na hipótese do Porto Alegre+, se dará pelo processo de qualificação dos espaços públicos e investimentos privados em construções de uso misto — que dividem imóveis entre espaços comerciais e residenciais, algo que tem incentivo da gestão municipal para acontecer no Centro Histórico.
— Queremos transformar o Centro Histórico, o Quarto Distrito e a região da Avenida Ipiranga nos mesmos moldes do Bom Fim e Cidade Baixa, com imóveis de uso misto, com fachada viva de bares e comércio, por exemplo — afirmou o porta-voz.
— A pandemia mudou a relação de trabalho e os espaços públicos estão cada vez mais valorizados. Precisamos ser uma cidade que abriga os jovens talentos que migram para outros centros, dar opções de diversão com segurança para eles — complementou o consultor técnico do Sinduscon-RS, arquiteto e urbanista Antonio Carlos Zago.
Algumas das sugestões do Porto Alegre+:
- Valorização dos espaços públicos;
- Cidade mais compacta seguindo, no que for possível, modelo de “Bairros Completos”, evitando deslocamentos;
- Melhor aproveitamento do uso e ocupação do solo com reflexo na diminuição no valor dos imóveis ofertados;
- Mais caminhabilidade aliada a maior segurança;
- Regularização fundiária;
- Implementação de novos modais e melhoria dos atuais serviços de transporte de massa.
Novo plano diretor
As revisões das regras que são parâmetro para o desenvolvimento físico das construções e vias da cidade se iniciam nesta terça-feira (7), na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), após meses de análise da Capital e reunião de propostas de diferentes setores da sociedade. O Porto Alegre+ vai participar do debate e pretende agregar soluções. A expectativa é que os atuais modelos sejam revistos buscando uma modernização das ideias que conduzem a Capital.
— Existem diversas boas práticas e o plano deve ser construído de uma forma que possa ser modernizado com mais facilidade, não ficando amarrado a uma visão ultrapassada — projetou Teitelbaum.