A retomada da fábrica estatal de chips Ceitec, o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada, que fica em Porto Alegre, foi autorizada pelo governo federal. A decisão consta de um decreto assinado pelo presidente Lula publicado em edição extraordinária do Diário Oficial da União na última segunda-feira (6). Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, na manhã desta terça-feira (7), o atual gestor da estatal, Augusto Cesar Gadelha Vieira, afirmou que o quadro de funcionários precisará ser recomposto, pois sobraram 70 dos 180 trabalhadores.
— Tentaremos recuperar na faixa de 50 a 60 novos profissionais, por ora, com contratos temporários. Depois, faremos chamadas públicas para candidatos — completou.
A fábrica está sem produzir há dois anos e oito meses. No entanto, Gadelha garante que a estrutura segue apta.
— As máquinas que estão na fábrica foram mantidas operacionais para que não houvesse a perda de qualidade. Boa parte delas ainda está operacional, apesar de não terem produzido — explicou.
O gestor afirma ainda que, de acordo com o plano de negócio, a expectativa é que a estatal se torne independente em até sete anos.
— A primeira coisa que vamos fazer é consolidar o plano de trabalho com especialistas e dados de mercado. Isso nos dará mais tranquilidade em trilhar o caminho escolhido. Vamos nos concentrar na produção de tecnologias que já temos domínio — ressaltou.
Investimento
Também em entrevista ao Atualidade, a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou que serão disponibilizados R$ 110 milhões para a estatal até 2024.
— Esse valor inclui custeio de pessoal e mudança de maquinário. A previsão é iniciarmos a produção em dois anos — declarou.
Vinculada ao Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI) e criada em 2008, a Ceitec desenvolve e fabrica semicondutores. No governo de Jair Bolsonaro, a empresa foi incluída em programa para ser privatizada. Como não houve interesse, um decreto autorizou a sua extinção em 2020, que passou a ser questionada após a crise mundial de falta de chips, ocorrida na pandemia.
— Essa é uma tecnologia de alta complexidade. O chip é um insumo necessário. Vamos atender a exigência do mercado de energia renovável e limpa. A Ceitec será a única fábrica com essa tecnologia da América Latina— emendou a ministra.
Em janeiro de 2023, o governo Lula a retirou da lista de desestatização e criou um grupo de trabalho para analisar a reversão do processo de liquidação. O parecer foi positivo pelo fim da liquidação, o que recebeu agora o "ok" ministros e do presidente da República.
O presidente da Associação dos Colaboradores da Ceitec (Acceitec), Silvio Luis Santos Júnior, que aposta que o foco inicial será em sensores para áreas da saúde, agrícola, industrial e automotiva, mesmo com a necessidade de uma complexa certificação.
— Queremos transformar a Ceitec em uma referência nacional. Essa rota tecnológica escolhida nos permitirá tornar a estatal competitiva e exportadora de produtos tecnológicos — pontuou.