O nível do Guaíba voltou a subir na Região das Ilhas. Conforme a Defesa Civil de Porto Alegre, a medição da régua manual na Ilha da Pintada, nesta quinta-feira (12), está em 2m28cm. A altura indica que está oito centímetros acima da cota de inundação, que é de 2m20cm.
Na manhã de quarta-feira (11), o nível estava 30 centímetros abaixo da marca atual. Além da chuva que caiu durante a noite de quarta e a madrugada desta quinta-feira, entre os motivos para elevação está o vento sul, que acaba represando as águas na região.
Segundo a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), 27 famílias permanecem abrigadas na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem. São 80 pessoas que foram afetadas de forma parcial ou total pela elevação da água, em pontos como a região da Avenida Mauá, ao sul da ilha, e na Avenida Nossa Senhora da Boa Viagem. Mesmo com a chuva, o número de afetados apresentou redução.
Moradores não conseguem retornar para casa
Eder Marques Ribeiro, 43 anos, teve que deixar a própria casa há duas semanas, quando o volume de água tomou conta de inúmeras residências na região. O pescador, que mora desde que nasceu na região, teve que retirar a família às pressas do local, em razão da força do vento, que agravou a situação.
— Tive que encher dois tonéis de duzentos litros para que a casa não saísse com a força da água. Vento estava muito forte e todo mundo se apavorou — relatou.
Já Leandro Machado de Lima, 26 anos, além de retirar a família, teve que socorrer, pelo menos, sete vizinhos durante o avanço das águas do Guaíba sobre a região da ilha Mauá. Todas estão abrigadas na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem. Segundo ele, a comunidade dos pescadores locais se reuniu para auxiliar os moradores dos pontos mais atingidos com os barcos.
— Conseguimos recolher tudo o que deu dos vizinhos, para ajudar. Só queremos voltar para casa. A prefeitura vem e sempre diz uma coisa diferente — disse.
De acordo com a Fasc, tanto o órgão quanto a Defesa Civil seguem realizando vistorias na região das ilhas, o que levou a redução de pessoas no abrigo. Parte dos afetados sequer deseja sair de casa, seja pelo medo de ter móveis ou eletrodomésticos roubados, ou, como o caso de Paulo Machado de Lima, 73 anos, por vontade.
Há 15 dias, o aposentado, que é o portador de deficiência (PCD) teve de ser retirado pelo neto, Leandro, com ajuda de outros vizinhos. Ele alega ausência do Poder Público no suporte aos atingidos.
— A prefeitura não veio aqui até agora. Quem vem aqui é o Padre Rudimar e as pessoas que estão ajudando ele com a doação de cestas básicas.