A chuva segue castigando o bairro Arquipélago, na região das Ilhas, em Porto Alegre. No começo da tarde deste sábado (23), era possível ver várias vias alagadas, especialmente nas proximidades do Rio Jacuí.
Conforme a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), 26 pessoas estão acolhidas nos abrigos provisórios montados no bairro Arquipélago. Destas, 11 (quatro adultos e sete crianças) estão nas dependências da Escola Estadual Alvarenga Peixoto, na Ilha dos Marinheiros; outras 15 (sete adultos e oito crianças) foram instaladas na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem, na Ilha da Pintada.
Na manhã deste sábado, a régua situada nas ilhas apontava para um nível de 2m36cm — 16cm acima do índice de inundação, que é de 2m20cm.
A reportagem de GZH esteve na Ilha da Pintada e na dos Marinheiros. Na primeira, os moradores precisavam passar de bicicleta em algumas avenidas, como na Presidente Vargas.
— Os ônibus também não ajudam e passam fazendo marola em cima da gente — reclama o morador David Cardoso Nunes, 23 anos.
Segundo ele, as águas têm avançado cada vez mais pelas ruas nos últimos anos. Nunes vive há duas décadas na Ilha da Pintada.
Já Alberto Terres, 63, tentava levar mantimentos para quem precisa. Mas a água o obrigou a trocar de carro e conseguir um maior.
— Vim entregar donativos na Ilha da Pintada. São 30 cestas básicas, fraldas geriátricas e infantis, e 30 quilos de carne — enumera Terres, encostado a um ponto de ônibus.
Por sua vez, na Ilha Grande dos Marinheiros, as pessoas caminhavam de galochas e com guarda-chuvas. Na frente da Marina Pôr do Sol, a Rua João Inácio Silveira estava bastante alagada em alguns trechos.
— A cada ano, vai piorando — afirma Ruan Ramos Pinto, 15, que caminhava dentro da água.
A dona de casa Maria Neli, 60, menciona que a pior enchente da região ocorreu em 2015. E agora não pode sair de casa.
— Meu marido teve um AVC (acidente vascular cerebral) e preciso cuidar dele — explica.
A Defesa Civil afirma que está com agentes na região, com posto de comando dentro da Ilha dos Marinheiros. As demandas estão sendo coordenadas a partir deste local. Emergências devem ser relatadas pelo telefone 199.
Eldorado do Sul e Guaíba também apresentam problemas
A Defesa Civil de Eldorado Sul, na Região Metropolitana, compartilha que 14 famílias (52 pessoas) estão desalojadas ou desabrigadas neste momento. A situação está difícil nos bairros Itaí, Cidade Verde e Picada, e na região do Sans Souci.
— A água subiu muito ontem (sexta-feira) e ficou cheio até de noite. Hoje (sábado), permanece cheio — relata o coordenador da Defesa Civil de Eldorado do Sul, João Carlos Ferreira.
Em Guaíba, são oito pessoas de uma mesma família atendidas no abrigo temporário criado pela prefeitura. Tratam-se de quatro adultos e quatro crianças, que não moravam na mesma casa.
— Estamos fazendo a ronda agora (em torno das 13h30min) e temos de oito a nove ruas afetadas pela chuva — observa o coordenador da Defesa Civil de Guaíba, Anderson Gawlinski.
Segundo ele, o cenário é pior no bairro Ipê, que é uma área de vazão e casas irregulares, com dois banhados.
— Os moradores não querem deixar suas casas com medo de furtos. Um morador relatou para nós o roubo de um galo — conclui.