Os quatro leões de mármore que guardam as entradas secundárias do Paço Municipal, no Centro Histórico da Capital, em breve serão mascotes da entrada do novo Museu de Arte de Porto Alegre. Após a pintura e o restauro da fachada, que começou em dezembro de 2022 e deve ficar pronto em junho, a Secretaria Municipal de Cultura (SMC) deve avançar no plano de remodelar as áreas internas e inaugurar um centro cultural, disponibilizando um grande acervo artístico na antiga sede do Executivo municipal.
Na manhã desta terça-feira (25), quatro funcionários da empresa Costamar, vencedora da licitação de restauro externo, faziam reparos na parte mais alta da fachada da edificação, acima da esquina entre a Rua Siqueira Campos e a Avenida Borges de Medeiros. As outras três fachadas já foram pintadas. Restam apenas detalhes no acabamento do lado voltado para o Mercado Público. Em frente ao palácio, na Praça Montevidéu, ainda é preciso superar a fase mais trabalhosa desta etapa, segundo os responsáveis pela obra de restauro.
— (No lado da Praça Montevidéu) Temos estátuas e reproduções de rostos de figuras históricas e representativas da nossa sociedade. Isso vai demandar uma paciência maior para cada procedimento por conta da riqueza de detalhes em comparação às outras fachadas, que receberam reparos esteticamente mais simples — diz o arquiteto da SMC, Luiz Merino, que acompanhou a reportagem em visita ao local.
Este e os outros trabalhos de qualificação do prédio dependem, como outras intervenções arquitetônicas semelhantes, da condição meteorológica, explicam os arquitetos da SMC. Nem a pintura nem o acabamento com reboco e massa pode ser feito com chuva. Além disso, eventuais “surpresas” decorrentes da antiguidade da estrutura tombada — o prédio foi construído em 1898 —demandam que alguns processos sejam refeitos e melhorados.
— Tem fórmulas diferentes para a combinação de argamassa, areia e cal, por exemplo. Em alguns locais percebemos que foi necessário mudar a combinação que era usada, sempre respeitando os traços e detalhes originais, porque nosso primeiro jeito de fazer não tinha tido o resultado que precisávamos — explica Merino.
— Se tudo der certo, até dezembro deste ano conseguimos pensar em abrir as portas dignamente como um museu — projeta, otimista.
Artistas porto-alegrenses já ocupam espaços
Ainda que as obras estejam embelezando o Paço Municipal por fora e prometam recuperar pontos por dentro, atualmente já há espaços ocupados por artistas porto-alegrenses dentro do local. A Pinacoteca Aldo Locatelli, à esquerda de quem entra no salão principal pela praça Uruguai, e o porão, acessível pelas escadas dentro do mesmo espaço, exibem pinturas sem cobrar ingresso.
A sala anexa ao saguão principal do térreo tem quadros pendurados em painéis brancos que são iluminados por lâmpadas amarelas, em um ambiente com cores e luminosidade controladas. O conjunto de medidas adotadas para potencializar e preservar a visualização de cada peça artística é chamado de museologia, explicam os técnicos da SMC.
O espaço subterrâneo é escuro, tem pilares e aberturas em semicírculo onde no século 19 funcionava uma cadeia municipal, mas já está reformado. Hoje, apenas a atenção dos visitantes fica presa por alguns minutos no local, quando os quadros e painéis em cada parede revelam um novo aspecto da história cultural da cidade.
A recuperação das fachadas do prédio histórico custará R$ 735 mil, advindos do Fundo Municipal para Restauração, Reforma e Manutenção do Patrimônio (Fun-Patrimônio). Já a revitalização completa, incluindo a parte interna, deve custar entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões, de acordo com a prefeitura.
A transformação do edifício do século 19 em museu pretende aumentar a visitação do público. Em 2022, o Paço Municipal recebeu 26.087 visitantes. De janeiro a março de 2023, foram 4.435 pessoas, segundo a comunicação da prefeitura.