A instalação de uma estação do serviço BikePOA em cima de área reservada para o estacionamento exclusivo de idosos na Rua Padre Chagas, no bairro Moinhos de Vento, em Porto Alegre, tem chamado a atenção. O local onde as bicicletas na cor laranja podem ser alugadas fica exatamente sobre o espaço demarcado para até três veículos, a poucos metros do cruzamento com a Luciana de Abreu.
Tanto a prefeitura quanto a empresa responsável pelas bikes garantem que as vagas para idosos serão remanejadas para outro trecho da mesma via (leia mais abaixo).
— Achei um absurdo. Não tem cabimento e não acredito que a prefeitura saiba disso — reclama o morador do bairro Paulo Roberto Zanotto, 63 anos.
Descontente com a recente instalação, Zanotto entrou em contato por e-mail com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), na quinta-feira (23), solicitando uma explicação para a estação ter sido instalada em cima do espaço reservado para as pessoas idosas. Recebeu uma resposta que o orientava a pedir informações por meio de um link específico enviado junto ao e-mail, ou pelos telefones 118 ou 156.
— Não acredito que a prefeitura tenha autorizado a colocação ali. O mínimo que a EPTC precisa fazer é deslocar então as vagas de idosos mais para frente, para trás ou para o outro lado da rua. Não fizeram nada, nem retiraram a placa para idosos, nem apagaram o escrito — relata, dizendo que se houve autorização, a situação é um verdadeiro "escândalo".
Em agosto do ano passado, a prefeitura de Porto Alegre assinou contrato para expansão do BikePOA Itaú junto à Tembici, empresa que atua no país desde 2011 e é a responsável por este projeto de bicicletas compartilhadas por aluguel na Capital.
Antes da expansão, eram disponibilizadas aproximadamente 410 bicicletas e 41 estações. Agora, estão sendo instaladas mais 18 estações e 250 bicicletas pela cidade até o fim de março. A assinatura do vínculo foi por um ano, com possibilidade de renovação por mais cinco temporadas.
As estações podem ser encontradas em pontos dos bairros Rio Branco, Santa Cecília, Praia de Belas, Menino Deus, Cristal, Cidade Baixa, Moinhos de Vento, Tristeza, Azenha e Centro Histórico. Quando o projeto de expansão estiver concluído, serão mil bicicletas compartilhadas e distribuídas por cem locais.
O que diz a prefeitura
A prefeitura de Porto Alegre, por meio da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU), diz que "a vaga reservada para idoso, neste trecho da Rua Padre Chagas, será transferida para o outro lado da rua". Questionada por qual razão o local foi escolhido, já que possui espaço destinado aos idosos, a pasta respondeu:
"Os locais foram escolhidos após estudo e por estar em área com demanda e infraestrutura cicloviária. Nos casos em que a estação eventualmente ocupar o espaço que hoje é reservado ao idoso ou à pessoa com deficiência, a vaga será realocada. Nenhuma vaga será suprimida".
Também disse que "a instalação dos novos locais é definitiva, mas havendo necessidade podem ser feitos ajustes".
Além disso, a SMMU explica que "em relação às novas estações de bicicleta compartilhada que estão sendo instaladas em Porto Alegre, a Secretaria de Mobilidade Urbana informa que haverá um remanejamento de vagas de idosos e deficientes nos locais previstos para instalação das novas instalações. Na grande maioria dos casos essas vagas passarão para o outro lado da via sem prejuízo aos motoristas. A prefeitura trabalha para aumentar o número de estações de bicicletas de aluguel e apenas neste contrato serão mais 59 novas estações".
O que diz a Tembici
Nesta sexta-feira (24), a Tembici enviou posicionamento sobre a questão, garantindo que o poder público municipal vai remanejar as vagas para idosos na mesma rua. Confira, na íntegra, o que diz a nota:
"A escolha das localizações de estações dos sistemas de bicicletas compartilhadas da Tembici segue critérios técnicos de manuais de compartilhamento de bicicletas e são planejadas conforme três pilares essenciais: integração modal, infraestrutura cicloviária e concentração de empregos e atividades. A integração modal permite o acesso ao sistema, nas grandes cidades, de pessoas que vivem longe das regiões centrais, característica muito comum de cidades brasileiras, onde há uma grande concentração de empregos e atividades no centro da cidade, o que exige o deslocamento de muitas pessoas em grandes distâncias.
A concentração de empregos e atividades contribuem para a motivação do deslocamento e para o acesso dos usuários e usuárias, e por sua condição centralizada, acaba definindo a área de cobertura dos sistemas de bicicletas compartilhadas, que possui o objetivo de ser útil e conveniente para a maior quantidade de pessoas possível. E finalmente, a infraestrutura cicloviária é essencial para garantir segurança e conforto aos usuários, muitos deles recém iniciados no ciclismo urbano. Para o bom desempenho do sistema, é fundamental que seu planejamento siga esses critérios técnicos.
As vagas destinadas a idosos serão remanejadas pelo poder público da cidade na mesma rua."