O programa Gaúcha+ da Rádio Gaúcha desta quinta-feira (27) discutiu, durante o quadro Mais Vozes, a volta do uso do ar-condicionado nos ônibus da Capital. Segundo a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana de Porto Alegre (SMMU), a liberação para que os coletivos de Porto Alegre possam transitar com janelas fechadas e ar-condicionado ligado deverá ocorrer até o final deste ano. Atualmente, todos os ônibus precisam operar com janelas abertas e o aparelho desligado.
A medida definida ainda durante o período mais intenso da pandemia de covid-19, tinha o objetivo de aumentar a circulação de ar dentro dos veículos do transporte público. Outra diretriz que visava a segurança sanitária nos coletivos, a obrigatoriedade do uso de máscaras no interior dos veículos já foi desfeita em agosto. Com o aumento nas temperaturas e o arrefecimento das normas sanitárias na pandemia, a análise técnica e financeira foi antecipada de janeiro de 2023.
Para falar sobre isso, participaram do programa o doutor em epidemiologia e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Paulo Petry; o virologista e professor da Feevale, Fernando Spilki; o engenheiro de transportes da Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP) de Porto Alegre, Antônio Augusto Lovatto; e o secretário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, Adão de Castro Júnior.
Para o professor, Paulo Petry, desde que alguns grupos como pessoas mais idosas, imunossuprimidas ou que não se vacinaram continuem a usar máscaras nos ambientes fechados, a flexibilização pode ser feita.
— É verdade que nós estamos com uma condição absolutamente melhor do que vivemos. Por exemplo, em março e abril de 2021, a circulação do vírus era muito intensa. Isso já não ocorre. Então acredito que há possibilidade de ligar os aparelhos de ar-condicionado, fechando janelas e dando um maior conforto aos usuários — afirmou Petry, que também defendeu a colocação de "filtros" nos ar-condicionados para diminuir a incidência do vírus.
A instalação de filtros e dispositivos nos aparelhos para maior proteção dos usuários de ônibus também é defendida pelo virologista Fernando Spilki. Ele explica que, para o conforto de todos, a melhor tática seria ligar o ar-condicionado e, quem quiser se proteger melhor, retornar ao uso de máscaras de proteção contra a covid-19.
— Estamos muito atentos à possibilidade de, em virtude da introdução de novas linhagens, termos alguma nova onda de infecção. Após a liberação do ar-condicionado, é necessário acompanhar se haverá aumento no número de casos — alertou.
O engenheiro de transportes da ATP de Porto Alegre, Antônio Augusto Lovatto, relata que a medida representa maior custo no funcionamento dos ônibus da Capital, mas diz que a decisão compete à Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).
— Sabemos que estamos nos aproximando de uma época de maior calor, onde a discussão sobre o uso do ar condicionado fica ainda mais evidente, e que o equipamento corresponde a um conforto maior para o passageiro. Mas não podemos negar que o acionamento representa um incremento maior no custo do sistema. Fica a cargo da EPTC a ponderação e a decisão sobre o uso — disse.
Adão de Castro Júnior, secretário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre, informa que a análise dos custos do sistema de transporte da Capital é feita no início de cada ano. Castro afirma que o objetivo é sempre manter a tarifa dos ônibus no menor patamar possível.
— Agora já arrefecida a questão da covid-19, com os casos diminuindo bastante, retiramos a obrigação do uso de máscaras no transporte coletivo. Agora, estamos avaliando a possibilidade do retorno do ar-condicionado, nos meses mais quentes do ano, para proporcionar maior conforto aos usuários — completou.