O vendaval seguido de granizo, que atingiu a Região Metropolitana na noite de segunda-feira (15), causou destruição em Cachoeirinha. Na manhã desta terça (16), o cenário na Avenida Frederico Ritter, no bairro Industrial, conhecida por abrigar uma série de fábricas e companhias, tinha postes e outdoors quebrados, árvores caídas e ao menos um colégio destelhado.
As aulas já haviam sido suspensas, e nenhum aluno da Escola Estadual de Ensino Fundamental Frederico Ritter procurou a instituição pública de ensino nesta terça-feira (16).
Uma imagem feita com um drone, captada pelo fotógrafo Ricardo Reinbrecht Junior, mostra a destruição no pavilhão da empresa Mills, de locação de equipamentos pesadas para trabalhos em altura. Parte das paredes ficou retorcida. O teto cedeu e caiu sobre o maquinário, um movimento definido como “de torção” pelo meteorologista Cléo Kuhn.
— Vento de torção é típico de um tornado, que levanta e depois empurra pra baixo — afirma o especialista.
Da rua, se viam placas e telhas espalhadas no pátio da indústria. O cercado também foi derrubado, junto das estruturas de concreto. Perto dos galhos, havia caixas d’água viradas em via pública.
Vizinha à indústria Mills, a fábrica de caldeiras Arauterm teve apenas uma folha arrancada do telhado, que despencou sobre um equipamento. Os funcionários não puderam trabalhar por falta de energia elétrica. A gerente industrial Daiane Fuhr observava os estragos no entorno.
— A força desse vento quebrou os postes dessa forma. Não consigo achar a explicação. Foi muito rápido, guardei o carro na garagem e já começou a cair pedra — relembra, sobre o início da chuva de granizo.
Os postes de luz quebraram próximo da base, tombando sobre a Frederico Ritter, que ficou com duas faixas interditadas ao trânsito. Muita lentidão foi registrada, pelo fluxo alternado para isolar os fios elétricos e de telefonia. A prefeitura estima que o conserto de danos os danos no entorno leve três dias.
— A orientação é evitar circular pela Frederico Ritter. No mínimo até quinta ou sexta-feira — avalia o secretário municipal de segurança e mobilidade Émerson dos Santos.
A fábrica de artefatos de borracha Incobor alugou geradores para não parar a produção. Os exaustores foram levados pelo vendaval, segundo o proprietário, Jeferson Gorziza.
Somado à falta de luz, o sinal de telefonia era precário no bairro, no meio da manhã desta terça. Servidores que atuaram nos reparos afirmaram à reportagem que uma torre de transmissão foi derrubada na região. Outros bairros atingidos são Granja Esperança, Moradas do bosque e Nova Cachoeirinha. As vilas Canarinho e Chico Mendes receberam ajuda da Defesa Divil — no total, 120 lonas foram entregues no município durante a madrugada.
Gravataí decretou situação de emergência
Alem de Cachoeirinha, a ação do mau tempo chegou à Gravataí. O prefeito Luiz Zaffalon assinou um decreto de emergência, pois 31 escolas e oito postos de saúde foram danificados. As duas unidades de pronto-atendimento do município também sofreram prejuízos e operam com geradores.
Uma casa de madeira foi demolida, depois de constatados riscos de ruir. 41 residências foram destelhadas.
Ao menos sete unidades de saúde do município estão fechadas nesta terça-feira, por causa da falta de água. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, as Unidades de Saúde da Família (USFs) Aristides D’Ávila, Barro Vermelho, Érico Veríssimo, Granville, Itatiaia e Nova Conquista e a Unidade Básica de Saúde (UBS) Centro estão com as atividades temporariamente interrompidas.