Moradores do bairro Farrapos, na zona norte de Porto Alegre, têm sofrido há mais de uma semana com falta d’água ou baixa pressão nas torneiras. O problema é confirmado pela prefeitura, que afirma estar há alguns dias em busca de vazamentos que possam ser a causa dos problemas no abastecimento.
O número de imóveis afetados é incerto, mas os relatos vêm de todas as comunidades que compõem o bairro, nas proximidades da Rua Voluntários da Pátria. As reclamações são de corte total no abastecimento, em especial no início da manhã e horário do almoço. Às 10h30min desta terça-feira (2) não saía qualquer gota da torneira na casa do transportador Raul Eugênio da Silveira, 71 anos.
— Agora, não tem nada. Às vezes é um fio d’água. Eu só lavo roupa no fim da noite, quando aumenta a pressão. Mas a minha vizinha perdeu a máquina de lavar, que queimou porque faltou água quando ela tava usando — diz o idoso, que vive na vila Mário Quintana há 40 anos.
O chuveiro do servidor aposentado Cláudio José Silva da Rosa, 70 anos, sofreu uma pane por pressão insuficiente nos canos.
— Estou sem banho quente. Queria também tomar um chimarrão hoje de manhã (nesta terça), mas não enchia nunca a térmica e desisti — complementa o vizinho.
A vila onde Raul e Cláudio moram tem dois serviços oferecidos ao público prejudicados: no posto de saúde Mário Quintana, nem sempre tem água para os pacientes. Na Escola de Educação Infantil Pé de Pilão — conveniada ao município —, o retorno do reforço escolar foi adiado, pois na segunda-feira (1º) não havia condições de lavar os pisos dos ambientes ou fazer a higiene pessoal das cerca de 120 crianças atendidas.
Durante a noite, a direção encheu um reservatório na única torneira com vazão, instalada no pátio. Nesta terça, a saída foi comprar água mineral para cozinhar e escovar os dentes da criançada.
— Já compramos mais de 200 litros de água mineral — calcula a diretora, Jéssica Bueno.
Durante a faxina, a funcionária da instituição precisou ir com um balde até o galão, na rua, inúmeras vezes. Um dos alunos pediu ajuda para dar a descarga com a mesma água transportada pela bacia.
— Como vou atender as crianças sem o básico, que é a água? — questiona a diretora.
Com a conta quitada, a vendedora autônoma Ivanir de Fátima Fragoso questiona:
— A gente paga todas as taxas e não tem água nem esgoto. Quando chove, alaga a Voluntários de um jeito que tu não enxerga o asfalto — finaliza.
O Dmae pede que a população afetada repasse as reclamações no telefone 156, opção 2. Há ainda a alternativa da plataforma online 156web (neste site). A prefeitura reforça que o registro auxilia a mapear os endereços atingidos, em busca do ponto de fuga central.
Dois consertos estão em andamento, de acordo com o executivo. Porém, não há certeza se são as responsáveis por tamanho impacto no bairro.