Desastres como a queda de rochas em Capitólio, Minas Gerais, e os deslizamentos de encostas em Petrópolis e na região da Costa Verde, no Rio de Janeiro, onde as chuvas mataram pelo menos 16 pessoas no primeiro final de semana de abril, acenderam alertas para outras cidades do país. Porto Alegre não estava nos planos do órgão federal que fiscaliza e prepara cada cidade para tais intempéries, mas um apelo do Executivo municipal incluiu a Capital no radar de prevenção.
Responsável pelo mapeamento de áreas de risco para inundações e deslizamentos em todo o país, o Serviço Geológico Brasileiro (CPRM) atualizará, ao longo de 2022, 10 anos depois do último estudo equivalente, o relatório que aponta locais com perigo de desastres naturais em Porto Alegre. A Defesa Civil da cidade acompanha os trabalhos, iniciados em 21 de março, e articula uma cartilha municipal de fiscalização e atendimento envolvendo 26 órgãos da Capital.
— Vamos visitar os 119 locais do relatório anterior e novos locais que receberam ocupações de pessoas nesses últimos 10 anos. A expectativa é que subamos para 200 áreas de risco no relatório de 2023, pois, às vezes, há mais de uma no mesmo bairro e até mesmo de mais de um tipo de risco em regiões muito próximas — explica o coordenador da Defesa Civil de Porto Alegre, coronel Evaldo Rodrigues.
A previsão de conclusão do estudo e divulgação do novo relatório é para o primeiro trimestre de 2023. A escala de risco tem quatro níveis e vai de “baixo” a “muito alto”, considerando critérios como a incidência de atendimentos nos últimos cinco anos, proximidade com fluxos aquáticos, quantidade de pessoas impactadas, inclinação e altura do terreno.
O documento é a base para desenvolvimento das rotinas e monitoramento da Defesa Civil e de secretarias municipais, tanto para prevenção interna quanto para pedir recursos à União. Das 119 áreas de atenção em Porto Alegre, 61 são por risco de deslizamento e 58 por inundação. Quando se analisa somente as áreas de risco “muito alto”, a ameaça predominante é de deslizamento.
Os novos dados de 2022, no entanto, podem reorganizar essa divisão, tendo em vista as mudanças na sociedade e na distribuição urbana. No quesito alagamento, por exemplo, a área das ilhas reunia três pontos de atenção classificados como risco mais alto. Uma delas, porém, foi desocupada para a construção da nova ponte do Guaíba, saindo da lista de monitoramento da Defesa Civil municipal por não representar mais risco para ninguém.
— Atualizar esse levantamento é importante por ser um dado técnico, de órgão oficial federal, e é base para todo o trabalho da Defesa Civil, criando planos de emergência e prevenção — reforça o coordenador.
Prevenção
Março terminou com chuvas que transbordaram o Arroio Sarandi, na Zona Norte, e abril começou com previsão de mais frio e alto índice pluviométrico para a Capital, segundo especialistas. Mesmo antes da atualização do estudo feito em 2012 e divulgado em 2013, a Defesa Civil elaborou uma cartilha de monitoramento levando em conta as peculiaridades do município e enviou à prefeitura. A intenção é que todos os órgãos envolvidos na fiscalização e no atendimento de desastres naturais estejam alinhados e legalmente comprometidos com a rotina de prevenção e cooperação nos momentos mais delicados para a população.
Evaldo conta que Porto Alegre não estava no cronograma anual do CPRM para atualizar os pontos de risco de deslizamento e inundação. Um apelo da Defesa Civil e da prefeitura da cidade colocou a Capital no radar do órgão federal, que considerou os 10 anos de mudanças na cidade para revisitar o estudo e renovar o relatório.