O calorão ainda não chegou de maneira oficial — o verão começa nesta terça-feira, dia 21, às 12h59min. Porém, alguns dias quentes têm exigido refresco desde meados de novembro, quando tradicionalmente as temperaturas começam a elevar. E, para quem ainda não entrou em férias, ou para quem vai ficar por Porto Alegre durante a estação mais quente do ano, existem opções bem próximas e naturais para se refrescar.
Dentro da própria Capital, dois pontos no Extremo Sul proporcionam uma viagem semelhante a uma ida à praia, principalmente, para quem mora em outras regiões da cidade. Situados nos bairros Lami e Belém Novo, dois famosos balneários de água doce estão entre os poucos pontos de Porto Alegre onde é possível banhar-se nas águas do Guaíba. E, isto sim, está oficialmente liberado. O Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) já divulgou o primeiro relatório de balneabilidade da região, durante a última semana. E dos seis pontos monitorados, cinco estão próprios para banho: dois no Belém Novo e três no Lami.
Na quinta-feira, com tempo nublado na Capital e até alguns momentos de chuva, GZH foi conferir como a região está se preparando para o verão. A calmaria das ondas do Guaíba — que nem de perto lembra o agitado mar gaúcho —, costuma atrair famílias em busca de segurança para a criançada. E nem os mais preocupados com os riscos da água precisam se preocupar: as praias balneáveis de Porto Alegre também contam com salva-vidas durante a alta temporada.
Porém, segundo o Corpo de Bombeiros Militar (CBM-RS), ainda é necessário relatório de conformidades técnicas das guaritas para que os agentes sejam liberados para atuar. A previsão é de que os trabalhos se iniciassem neste sábado, com uma guarita na Praia do Lami.
Moradores e comerciantes da região têm comemorado o agito nas margens do Guaíba, que já começou a movimentar os finais de semana. Muito em razão da temporada passada, quando o movimento foi menor em razão da pandemia. Ainda assim, tradicionalmente, é depois do Réveillon que o povo começa a migrar em peso para estes pontos. É um período onde amplia-se também o número de comércios funcionando.
Boa parte dos trabalhos de manutenção e reparos feitos no verão passado se mantiveram, ainda assim, alguns detalhes ainda precisam de atenção. A certeza é de que este deve ser um verão onde Belém Novo e Lami também serão lar de veranistas.
Reformas no Lami e espaços preservados
Região balneável mais ao sul de Porto Alegre, a Praia do Lami está a cerca de 35 quilômetros do Centro Histórico. Dependendo da região da cidade de onde o visitante partir, a viagem pode superar uma hora de duração. Mas o destino compensa. A chegada à faixa de areia do Lami proporciona uma bela vista do Guaíba. O local conta com duas guaritas de salva-vidas, além de bares e restaurantes bem próximos da margem.
Durante a visita da reportagem, uma equipe também trabalhava na reforma do banheiro público da praia, o único fechado encontrado por GZH durante a blitz na Zona Sul. É nas margens do Lami que Nilza Pinheiro, 74 anos, toca a lancheria Flor do Caribe. Com nome inspirado na novela da Globo, o local serve lanches e bebidas na alta e também na baixa temporada. Nilza conta que tocava o espaço com o marido, falecido há cerca de um ano. Agora, pretende alugar o comércio, mas vai seguir morando na residência junto ao espaço.
— É maravilhoso morar aqui. E o movimento está muito bom neste ano, lota a praia todo final de semana que tem sol — conta ela.
Para os menos chegados à areia, ainda é possível se instalar em outros pontos da chamada Orla do Lami. Ao longo da Avenida Beira Rio, uma faixa de grama com churrasqueiras, bancos e banheiros está disponível para quem quiser aproveitar o clima de praia sem colocar os pés na areia.
Apesar de ser cercada por árvores na área de encontro com o Guaíba, esta parte da orla tem pequenos acessos à água, permitindo também a quem se instalar ali o acesso ao lago.
Durante a visita de GZH, com o dia nublado, o movimento era bem mais calmo do que em finais de semana. Mas, quem mora pela região aproveita estes momentos para caminhar, passear com os cachorros ou aproveitar o espaço ao ar livre. Funcionária de uma fábrica de salgados na região, Ana Clair Hanel, 54 anos, diz não trocar a calmaria do espaço por nada. Mas, também gosta do movimento aos finais de semana. A única reclamação é quanto à falta de fiscalização para quem estaciona carros na faixa de grama da Orla.
— Acaba estragando o espaço. Tem lugar para estacionar aqui na rua, não precisa para aquele outro espaço — cita ela.
A Orla do Lami passou por uma boa reforma no verão passado. E muito do que foi feito segue preservado. Os bancos pintados e as novas churrasqueiras de concreto estão em bom estado de conservação. Algumas apenas estão fora de onde foram instaladas, carregadas para mais perto do calçadão por frequentadores. A área com pracinha e campo de futebol também está pronta para receber visitantes, que aliás, já têm marcado presença.
Falta infraestrutura no Leblon e no Veludo
Um pouco menos distante do que o Lami em relação ao Centro Histórico — são cerca de 27 quilômetros —, o bairro Belém Novo também é lugar de belas praias. Normalmente, os pontos balneáveis da região ficam nas praias do Veludo e Leblon, além da Praça José Comunal. No relatório do Dmae divulgado durante a semana, a praça foi o único local considerado impróprio para banho. Na área, também estão sendo realizadas obras para a instalação de uma nova estação de tratamento de água, no espaço das famosas ruínas do Poletto, nome do antigo restaurante que funcionava ali.
A situação na praças Comunal — onde ficam as churrasqueiras disponibilizadas ao público — é bem semelhante ao que foi encontrado no Lami durante a visita da reportagem. Os equipamentos também foram trocados, reformados ou passaram por manutenção, como os brinquedos do parquinho disponível.
Diferentemente do Lami, onde há uma faixa de terra bem semelhante a uma praia de água salgada, no Belém os acessos ao Guaíba estão próximos de gramados ou pedras. Saindo da Praça Comunal e seguindo pela Avenida Beira-Rio em direção ao Norte, encontram-se os outros dois pontos balneáveis da região, as praias do Leblon e do Veludo.
Porém, são pontos convidativos somente para os mais aventureiros. A infraestrutura é quase nula: não há bancos, lixeiras ou calçadas. Inclusive, a Beira-Rio neste trecho é uma uma estrada de chão. Ainda assim, há quem opte por se embrenhar no meio das árvores ou pelas pedras. A recompensa vale, são pontos com vistas deslumbrantes do Guaíba, da Capital e também das cidades do outro lado do lago.
Nas proximidades do antigo camping do Veludo, onde hoje restam apenas um campo de futebol e grandes árvores, também há uma área residencial. É neste trecho que o casal de aposentados do Estado Maria Luiza Costa Leite e Alexandre Mayr, ambos com 70 anos, firmou residência. Maria vive na região desde que nasceu. No terreno, além de sua casa, ainda há espaço para residências de filhos e netos. Além da dezena de cães que fazem companhia à família.
— Sentimos falta de mais investimento em infraestrutura. Um calçadão que viesse até essa área do Veludo e do Leblon, por exemplo. Mas, é um lugar maravilhoso. Os finais de semana já têm sido muito movimentados — conta Maria, enquanto divide o chimarrão com o companheiro.
Chuveiros novos e serviços em execução
Um dos únicos itens que ainda carecia de renovação nas orlas da Zona Sul eram os chuveirinhos do Dmae. Em outros anos, a reportagem presenciou equipamentos que até funcionavam, mas estavam em péssimo estado de conservação. O departamento entregou em novembro, totalmente recuperados, 15 chuveiros para uso público, distribuídos ao longo da Orla do Guaíba.
Na metade de outubro deste ano, uma equipe da Coordenação de Bens Imóveis viu a necessidade de revisar e melhorar a qualidade desses equipamentos, principalmente, com a aproximação do verão e o aumento do fluxo de banhistas nos finais de semana e feriados. Segundo o Dmae, foram investidos aproximadamente R$ 45 mil nas melhorias.
Toda a estrutura metálica foi refeita e houve ajustes nas tubulações, a fim de corrigir a vazão e a pressão da água dos chuveiros. As 15 unidades foram pintadas na cor azul característica e receberam a logomarca adesivada do Dmae. E, agora, os chuveiros têm formato de barco, uma homenagem ao Guaíba. Cinco estão no Lami e quatro em Belém Novo. Outros quatro foram instalados no bairro Ipanema e dois no Parque Marinha do Brasil, no bairro Praia de Belas.
Em nota, a Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb) conta que "entregou para a população diversas praças revitalizadas na região extremo sul da Capital", incluindo pontos do Belém Novo e Lami citados na reportagem. No Lami, a pasta cita os reparos no calçamento do passeio público, pintura e manutenção dos bancos e dos brinquedos, instalação de novas lixeiras, instalação de telamento do campo de futebol e pintura externa do banheiro.
No local, também foram removidas as antigas churrasqueiras da orla e instaladas 55 novas. A SMSUrb informou também que as orlas de Lami e Belém Novo recebem capina e roçada mensalmente. Para este verão, está prevista a colocação de 10 tonéis para coleta de resíduos na orla de Belém Novo e 10 tonéis na orla de Lami, diz a prefeitura.
As equipes do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) estão realizando a manutenção de quatro sanitários da praia do Lami, segundo a prefeitura. Serão feitas substituição de portas quebradas, caixas de descarga, revestimentos danificados e pintura predial. Dois destes banheiros serão entregues em janeiro e outros dois em fevereiro.
Com relação às guaritas de salva-vidas no Lami, a prefeitura diz que "as equipes vão iniciar na próxima segunda-feira, dia 20, os trabalhos de reconstrução e devem concluir na primeira semana de janeiro. Até lá, os locais não terão agentes do CBM-RS". A Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), ainda não divulgou se haverá criação de linhas especiais para o verão, que costumam atender as praias do Extremo Sul aos finais de semana.
Como estão as orlas
Lami
- Limpeza: a área do calçadão estava muito limpa, com lixeiras disponíveis por todo o percurso. A grama também estava com aparência de capina recente.
- Infraestrutura: o calçadão está em boas condições, buracos encontrados na visita do último verão não estão mais lá, foram consertados. Além disso, o espaço é acessível. Bancos e as churrasqueiras também estão em ótimo estado.
- Banheiros e chuveirinhos: existem sanitários funcionando ao longo do calçadão, com atendimento e limpeza de funcionários da prefeitura. Os chuveirinhos foram trocados por estruturas novas. Entre os testados, a maioria funcionou. O banheiro da Praia do Lami estava fechado para reformas.
Belém Novo
- Limpeza: a orla estava limpa e também com aparência de recente corte de grama. Lixeiras também foram colocados ao longo do gramado da praça.
- Infraestrutura: o calçadão do Belém Novo não é pavimentado, o que dificulta a mobilidade de pessoas com deficiência. Os bancos e os brinquedos da Praça José Comunal estão em bom estado, assim como as churrasqueiras.
- Banheiros e chuveirinhos: existem sanitários funcionando com atendimento e limpeza da prefeitura. Os chuveirinhos foram trocados por estruturas novas. Entre os testados, a maioria funcionou.