Na noite desta terça-feira (7), um aparelho projetor apontado para a parede lateral do prédio do Daer começou a dar um gostinho de como deve ficar a maior pintura já feita em Porto Alegre. Com a ajuda do equipamento a laser, será riscado na parede o traçado da obra de arte de 65 metros de altura e 15 de largura que será realizada no edifício da Avenida Borges de Medeiros.
— O trabalho já começou há bastante tempo, e hoje vai começar a ficar visível para as pessoas — comenta o muralista Mauro Neri, autor da obra ao lado da suíça Mona Caron.
A intervenção faz parte do Projeto de Incentivo à Arte Urbana, desenvolvido pela ONG Laboratório de Políticas Públicas e Sociais (Lappus). Com as marcações, os dois muralistas de renome internacional poderão começar, já a partir desta quarta-feira (8), a pintura com o auxílio de integrantes do curso em altura promovido pelo projeto. Eles trabalharão pendurados por meio de um balancim, uma espécie de plataforma presa no topo do prédio com um sistema de contrapeso.
Mauro acredita que, se o tempo colaborar (não é possível trabalhar com vento muito forte ou chuva), o trabalho ficará pronto em três semanas.
A obra da dupla reproduz uma planta nativa da Região Sul, a Justicia gendarussa, conhecida como quebra-demanda. Foi escolhida pelos artistas por ser considerada um vegetal de superação, de resiliência e até resistência, utilizado por religiões de matriz africana. A planta cresce entre os braços de uma figura feminina, dando uma ideia de balança ou de um gesto de cuidado.
Os artistas afirmam que "querem criar uma imagem que funcione como uma invocação, como um talismã para atrair, evocar, manifestar, explicitar mais justiça, mais cuidado entre todos os humanos e elevar a ideia de uma maior sensibilidade pela natureza".
O projeto teve o apoio do poder público e o patrocínio de empresas, pessoas físicas e instituições — 112 entidades se envolveram de alguma forma.