Quase oito anos após o último jogo da Copa do Mundo de 2014, Porto Alegre voltará a se tornar palco de um evento internacional de importância estratégica.
Se não tem o mesmo apelo popular que o torneio de futebol, a feira mundial de inovação South Summit é apontada por representantes de entidades públicas e privadas como uma iniciativa capaz de divulgar a Capital e o Estado como centros de inovação, atrair investimentos e recolocar os gaúchos na vitrine internacional, além de voltar a movimentar a economia local no rastro da pandemia.
O anúncio foi realizado em uma cerimônia na manhã desta quarta-feira (6), em Madri, na Espanha, onde está sendo realizado a Summit deste ano, na presença do prefeito Sebastião Melo e do governador Eduardo Leite. A próxima edição deverá ser realizada no primeiro semestre, provavelmente ao final de março – o que coincidiria com as festividades dos 250 anos do município. Em 2021, o encontro atraiu mais de 1,2 mil investidores, 6,8 mil startups e mobilizou fundos com US$ 130 bilhões disponíveis para aplicação.
Para o coordenador do Pacto Alegre e futuro secretário de Inovação de Porto Alegre, Luiz Carlos Pinto da Silva Filho, que faz parte da delegação em solo europeu, a oportunidade de sediar a feira destinada a fechar negócios e parcerias em setores de tecnologia deixa a Capital e o Estado em evidência dentro e fora do país:
– O evento inclusive se chamará South Summit Brasil porque será a chegada desse branding em todo o país. Isso coloca Porto Alegre e o Rio Grande do Sul nessa vitrine europeia e nos reposiciona também como centro de inovação para o próprio Brasil.
Para o coordenador do Pacto, a oportunidade também insere os gaúchos em uma “rede global” capaz de alavancar a economia.
– A conquista do evento permite mostrar o que estamos fazendo, atrair investimentos, talentos. É fundamental estarmos inseridos em uma rede global de cidades que estão se posicionando como amigas do empreendedorismo e da inovação, dispostas a se reinventar para o século 21 – sustenta Luiz Carlos Pinto.
É uma vitrine para mostrarmos o nosso potencial
JULIO FERST
Presidente da Assespro-RS
Por ser um evento que atrai empreendedores e investidores dispostos a fechar negócios, o presidente da regional gaúcha da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação Assespro-RS, Julio Ferst, avalia que a iniciativa terá um duplo impacto na cidade:
– Vai atrair pessoas, empresários, empreendedores do mundo inteiro para cá. Isso tem um primeiro impacto na área do turismo, e nossa capital terá de estar muito bem preparada para a hospedagem e a mobilidade dessas pessoas. Além disso, vai mostrar a qualidade dos gaúchos em relação à inovação. Isso é uma vitrine extraordinária para mostrarmos nosso diferencial.
Em relação à movimentação turística, são esperadas entre 3 mil e 5 mil pessoas vinculadas aos negócios, a grande maioria de fora, e ao redor de 15 mil visitantes, principalmente de regiões próximas. O presidente do Sindicato de Hospedagem e Alimentação de Porto Alegre e Região (Sindha), Henry Chmelnitsky, estima que o evento vai ocupar um terço dos cerca de 14 mil leitos disponíveis na Capital, representando o maior estímulo aos setores de turismo e gastronomia desde 2014.
– Esse evento terá uma representatividade maior do que as pessoas podem imaginar. Desde a Copa do Mundo não temos uma situação como essa. Movimentará a cadeia hoteleira, de gastronomia, e Porto Alegre voltará a ser falada no mundo – avalia Chmelnitsky.
O diretor de Relações Internacionais da prefeitura, Ricardo Sondermann, sustenta que a South Summit trará um investimento “mais qualificado” ao mercado ligado à inovação da Região Sul ao favorecer acordos entre empreendedores de startups e pessoas dispostas a injetar capital:
– Não é só trazer investimento, mas investimento de qualidade, em quantidade e de volume. Vamos trazer cheques maiores, volumes de investimento que transformem nossas startups de forma mais rápida e mais eficiente. Estamos colocando Porto Alegre no mapa do mundo.
Luiz Carlos Pinto da Silva Filho lembra que a comitiva gaúcha que foi à Espanha, com mais de 50 integrantes, também está buscando atrair negócios por meio de uma agenda paralela de encontros com empreendedores, além de desenvolver ações de diplomacia com gestores europeus que incluem nomes como o do rei espanhol, Filipe VI, que de forma bem-humorada recebeu um pandeiro das mãos de Eduardo Leite.