Os frequentes furtos de cabos de energia elétrica estão deixando um rastro de prejuízo e transtornos aos moradores e usuários do trensurb no Vale do Sinos. Somente na segunda quinzena de agosto, o sistema da RGE, em São Leopoldo, foi alvo de seis ações criminosas, e um total de 480 metros de fios foram furtados da rede elétrica da cidade.
No caso dos trens, foram seis furtos ou tentativas nos últimos 15 dias. Segundo a Brigada Militar (BM), esse tipo de crime ocorre porque há dificuldade para identificar os ladrões e punir os receptadores do material.
O principal objetivo dos criminosos é revender os fios no mercado clandestino. O titular do Comando de Policiamento Metropolitano da Brigada Militar, coronel Alexandre da Rosa, afirma que não há uma quadrilha especializada agindo na região. Para o coronel, são usuários de drogas que não temem a própria vida e se arriscam para furtar os fios. A estratégia tem sido agir em conjunto com as autoridades municipais e com a Polícia Federal — no caso dos trens, por se tratar de autarquia federal.
— Em se tratando do furto de cabos dos trens, não há somente um atraso nas viagens dos passageiros, mas também deixa em risco todos os usuários. Acaba que os trens ficam sem comunicação e podem ocorrer colisões entre as composições. A estratégia das forças de segurança tem sido identificar os receptores, quem compra esse material ilícito, para assim evitar que as ações criminosas ocorram — diz o coronel.
No caso da RGE, os crimes realizados durante as noites e madrugadas causam interrupções no serviço de distribuição de energia elétrica para os clientes no entorno das ocorrências, além do prejuízo financeiro.
— O furto de fios e cabos de energia em uma subestação gera interrupção no fornecimento em grandes proporções. A companhia trabalha rapidamente para resolver o problema e garantir energia. No entanto, o restabelecimento depende da extensão do furto. Se juntássemos os seis casos ocorridos na segunda quinzena de agosto seria como retirar a fiação de cinco quadras — exemplifica Fábio Calvo, gerente de relacionamento com o poder público da companhia.
O diretor de operações da Trensurb, Luís Eduardo Fidell, destaca a importância das rondas da segurança metroviária e da Brigada Militar para coibir os delitos:
— Os principais cabos furtados são de energia, de sinalização e de fibra óptica. Este último que serve para a comunicação dos trens. Por isso, mantemos contato permanente com o comando da BM dos seis municípios por onde passam os trens. Um crime que não estava ocorrendo e agora nos chama atenção é os criminosos invadirem a via suspensa, que liga São Leopoldo a Novo Hamburgo, pois fica numa altura perigosa.
Segundo dados da empresa, somente nos primeiros oito meses de 2021, foram 66 ocorrências, contra 20 em igual período do ano passado — um prejuízo financeiro de R$ 420 mil considerando-se o custo de reposição e da mão de obra necessária.
Para tentar coibir os crimes, a Trensurb está concretando tubulações por onde passam os cabos ao lado dos trilhos. Como reforço de proteção, as placas também estão sendo chumbadas. O trabalho ocorre em um trecho de três quilômetros, na região da estação Rio dos Sinos, em São Leopoldo, onde as ações estão concentradas.
— Mas o principal impacto quem acaba sofrendo é o usuário, com atrasos e outros percalços para realizar os deslocamentos de trem — finaliza Fidell.