Mais de dois anos depois, a perspectiva sobre as 20 obras públicas que GZH acompanha desde maio de 2019 começa a mudar. Pela primeira vez, quase metade dos trabalhos está concluída ou em fase de conclusão. Ainda assim, 11 locais permanecem abandonados, juntando lixo e aumentando a conta do desperdício de dinheiro público. Isso porque, além de não serem utilizados, são depredados e regridem o estágio de construção em que estavam, sendo mais caro concluir o trabalho depois.
O simbolismo mais forte deste desperdício está em Porto Alegre, onde nenhuma das cinco obras que o DG acompanha desde 2019 teve qualquer mudança. Canteiros também seguem abandonados e sem perspectiva de retomada em Alvorada e Guaíba.
Já em Viamão, só uma das seis obras que o DG acompanha segue parada. Mas a prefeitura promete a retomada da construção neste ano. Em Gravataí, uma das três construções acompanhadas segue sem qualquer atividade, mas com promessa de retomada dos trabalhos ainda em 2021.
– Houve um erro no projeto, mas estamos com um laudo da Caixa (Econômica Federal), que vai nos permitir retomar os trabalhos fazendo os devidos ajustes – pontua o secretário adjunto de Educação de Gravataí, Guilster Neves.
Entre as 11 obras paradas, oito são escolas de Educação Infantil. As construções foram fomentadas pelo governo federal no início dos anos 2010, com objetivo de atender a todas as crianças de zero a três anos e 11 meses.
Entretanto, os anos que seguiram, com crises financeiras e instabilidades políticas, acabaram deixando a Educação Infantil na gaveta. Agora, as prefeituras buscam ações para repactuar os contratos junto ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), mas sem previsão de retomada das construções.
Dos outros três trabalhos suspensos, há uma quadra de esportes num colégio da Capital, uma Estação Cidadania em Alvorada e uma Unidade de Pronto-Atendimento em Guaíba – esta não deve sair nunca do papel, pois a prefeitura já desistiu da ideia e não tem verba para operar a unidade por conta própria.
Seis obras estão concluídas e outras três com conclusão prevista para este ano. A cidade que mais entregou obras entre as 20 construções que o DG acompanha é Viamão. Lá, dos seis canteiros encontrados em maio de 2019, três estão prontos e outros dois em fase de conclusão.
Ainda assim, os locais prontos ainda não estão em funcionamento. Dependem de mobília e contratação de pessoal, o que deve ocorrer no próximo ano, projeta a administração de Viamão. Somente uma creche, na Vila Tarumã, segue sem sair do papel. Agora, a prefeitura promete que a estrutura começará a tomar forma ainda em 2021, com o reinício das obras.
Outro local com obra em andamento prevista para ser entregue neste ano é Cachoeirinha. A Estação Cidadania da Vila Anair – antigo Centro de Artes e Esportes Unificado (CEU) – será inaugurada no dia 15 de dezembro. É a promessa do secretário de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo, Ildo Júnior. Atualmente, 85% do canteiro está pronto.
A prefeitura concluiu o cercamento, tanto físico quanto eletrônico, para garantir segurança até o final da obra e posterior, com a inauguração. A atitude é para evitar o vandalismo que já depredou o espaço no período em que a obra ficou parada.
– O compromisso é entregar para a comunidade neste ano, sem falta – diz Ildo.
Favo de Mel começa a receber alunos
Em Gravataí, os moradores que tinham filhos atendidos pela Escola de Educação Infantil Favo de Mel têm motivos para comemorar. A antiga sede da escola, uma casa improvisada, foi enfim substituída pela nova sede, uma das obras que o DG acompanha desde 2019. Ainda não inaugurada oficialmente, a Favo de Mel já tem tocado atividades com os alunos que vieram junto com a mudança. E o período de novas matrículas também está aberto.
Atualmente, cerca de 50 crianças estão no local, mas a direção acredita que mais de 250 poderão ser atendidas.
Mãe de duas alunas da Favo de Mel, a gestora de Saúde e Segurança do Trabalho Andressa Oliveira, 37 anos, pontua a importância da abertura do novo espaço e da ampliação nas vagas oferecidas à comunidade. Para ela, com mais crianças sendo atendidas, menos mães precisam ficar em casa para cuidar dos filhos e podem se reinserir no mercado de trabalho.
– Além disso, um espaço construído do zero para receber alunos é bem mais adequado – pondera Andressa.