A prefeitura de Porto Alegre pretende retomar, ainda neste ano, um tour de ônibus que percorre espaços importantes para o povo negro desde a fundação da cidade. Os bairros Menino Deus, Mont’ Serrat, Cidade Baixa e Rio Branco já foram territórios negros, áreas onde essa população morava, tinha seu lazer e práticas culturais (como o batuque e o Carnaval).
Atuando como coordenadora de Igualdade Racial do município há três meses, a pedagoga Adriana Santos participou da criação do percurso do tour, em 2008. Projeto que atendia especialmente professores e estudantes, ele foi descontinuado na gestão passada.
Adriana relata que já conseguiu um ônibus da Secretaria de Desenvolvimento Social, e voltou a falar com a Carris para ver se é possível ceder um motorista.
— Estamos juntando os pedaços que faltam e esperando normalidade, em função da pandemia. Desejo que em novembro consiga fazer a primeira saída — afirma.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) também deve lançar no próximo ano o curso à distância Territórios Negros no RS: Lições das Ancestralidades Africanas. Ele faz parte de um projeto de extensão da faculdade que trabalha a formação para professores e licenciandos, para multiplicar o conhecimento nas escolas.
A novidade é que, na versão digital, qualquer pessoa vai poder participar.
— Se você mora lá na Finlândia e quer conhecer o que tem de história da cultura negra em Porto Alegre, vai poder acessar gratuitamente — destaca Carla Beatriz Meinerz, professora da Faculdade de Educação da UFRGS.
Ela lamenta que a história de negros e de indígenas “foi invisibilizada” no Rio Grande do Sul. O que ocorreu no Estado e na Capital nos últimos séculos é contado por um padrão hegemônico, a partir do olhar do colonizador, europeu e branco:
— A gente conhece uma história que não é completa e é muito desigual: ela valoriza uns e minimiza outros. Não dá pra continuar contando ela.