Via de ligação entre as zonas norte e sul de Porto Alegre, a Terceira Perimetral teve uma série de estabelecimentos vandalizados entre a noite passada e a madrugada desta quarta-feira (14). A polícia investiga casos semelhantes ocorridos em outros pontos da Capital, de Viamão e de Gravataí.
Da Avenida Assis Brasil até a Avenida Ipiranga, a reportagem de GZH contabilizou 17 pontos danificados, entre lancherias, revendas de automóveis, agências bancárias e prédios comerciais. Até mesmo um relógio de rua foi atingido por um disparo.
O trecho com a maior incidência de casos é entre a Avenida Protásio Alves e a Rua Engenheiro Antônio Carlos Tibiriçá, no bairro Jardim Botânico. Em 800 metros, sete locais foram atingidos.
Dona do atelier Divina Dama, que divide o prédio com a loja Raíssa Souza Store, a empresária Elis Regina Oliveira, 60 anos, diz ter se assustado com um estrondo, no início da noite de terça-feira (13), por volta das 19h30min.
— Eu ouvi "pá, pá" e corri junto com a minha cachorrinha — relembra.
No prédio, duas vidraças ficaram trincadas. Há perfurações próximo aos manequins, e cacos ficaram espalhados pelo tablado.
— No mínimo R$ 1,2 mil para arrumar — estima.
Elis vive no mesmo edifício, na Rua Dr. Salvador França, próximo à rótula conhecida como Volta do Galo. O marido dela conta ter acreditado que o estouro pudesse ser fruto da vibração dos veículos no asfalto.
— Automóveis pesados, como caminhões de lixo, chegam embalados aqui (no semáforo), e freiam na sinaleira. Foi a primeira coisa que pensei — diz o empresário Darcy Alencastro, 57 anos.
Também na Terceira Perimetral, um restaurante da rede McDonald's teve duas janelas trincadas. No interior da lanchonete, faixas foram colocadas para interditar a área. Já na loja Cassol Center Lar, um pequeno trincado e uma marca de disparo são visíveis da calçada.
A revenda Ford Super Autoshow foi uma das mais prejudicadas: duas vidraças de 10 milímetros foram totalmente destruídas. Nesta manhã, três funcionários varriam o chão antes da colocação de tapumes.
— Tinha caco de vidro espalhado por tudo. O segurança viu um caminhão passar, mas não sabe se foi dele que partiu — conta o gerente de pós-vendas Mário Dilélio.
Ao lado, a revenda Iesa já tinha tapumes às 11h. Outra concessionária localizada na via, a Peugeot Lyon, teve parte da vidraça estilhaçada.
Júlio César Nunes da Silva, segurança de uma empresa que presta serviço para a construtora Melnick, recebeu do colega de plantão um relato diferente: ele viu dois homens fugindo a pé, pela Avenida Senador Tarso Dutra. O show room de um condomínio que está sendo erguido pela construtora também foi atingido.
— Estava escuro e ele não viu se tinha um carro ou não — conta.
Mais adiante, em direção à Zona Norte, a fachada de um banco Itaú foi danificada, e o prédio que abrigava outra agência bancária, já na Avenida Carlos Gomes, quase esquina com a Rua Campos Sales, também tem marcas do vandalismo.
Outro edifício comercial próximo à Rua Bagé entrou na rota dos criminosos, e a antiga sede do cursinho pré-vestibular Universitário teve a porta destruída. Uma viatura da Polícia Civil fotografou o local às 10h40min.
— Tenho experiência no ramo imobiliário e estou acostumado com arrombamentos e roubo de fios. Mas assim, de só quebrar, nunca vi — afirma o dono do imóvel, César Coser, 34 anos.
Polícia Civil investiga os casos
O Departamento de Polícia Metropolitana informou que está fazendo um levantamento das ocorrências e que fará uma investigação conjunta com as delegacias locais. A Divisão de Inteligência também participa da apuração.
"Caso alguma ocorrência não tenha sido registada, a Polícia Civil orienta que o registro policial seja realizado, bem como quaisquer informações que a população possa ter sobre tais fatos sejam repassadas", diz a corporação.
Casos de vandalismo foram registrados também na Avenida Assis Brasil, na zona norte da Capital, em estabelecimentos localizados na RS-040, em Viamão (veja o vídeo abaixo), além de paradas de ônibus que foram depredadas em Gravataí.