Suspensa em 2020, a Feira do Peixe de Porto Alegre voltou ao Largo Glênio Peres nesta quarta-feira (31). Adaptado devido a pandemia do coronavírus, o espaço ao lado do Mercado Público é mais enxuto, com 13 bancas — em 2019, eram 54.
Para controlar o fluxo e evitar aglomerações, a prefeitura da Capital instalou grades de contenção e posicionou fiscais nas duas pontas de acesso a área protegida por toldos. Álcool gel é borrifado nas mãos dos visitantes.
Enquanto a capacidade estiver visivelmente dentro do previsto, sem tumultos, a entrada e a saída são livres, segundo Adelto Rohr, agente de fiscalização da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SMDET). A prefeitura calcula que esse número gire em torno de cem a 120 pessoas no mesmo ambiente. Um megafone é utilizado para chamar a atenção dos consumidores que estejam desrespeitando as normas sanitárias.
O movimento era intenso às 10h, com pequenas filas em frente aos balcões. À tarde, no retorno do trabalhador para casa, é esperado maior público. Não foram vistos atendentes ou clientes circulando sem máscara, que é obrigatória.
A partir das 10h30min, foi necessário controlar a entrada, com filas no acesso. Conforme clientes deixavam o local, outros eram autorizados a acessar a área das bancas. Ao lado, uma grande fila podia ser vista no Mercado Público. A medição da temperatura é realizada para acessar o interior do prédio.
— Chamo atenção se a pessoa está com nariz para fora, mas muitas quando nos veem já puxam para cima. As pessoas estão acostumadas. Mas ainda tem um que outro que não sabe usar — alerta Rohr.
Professor aposentado, Antônio Carneiro Filho, 74 anos, usava a proteção e se mantinha distante dos demais. Além de preço, foi à feira para respirar um ar diferente.
— Para dar uma arejada — diz.
Para evitar aglomerações, o tanque de peixes vivos não foi permitido. A proibição afetou em cheio o movimento na banca de Leonardo Schwarzbold, 25 anos.
— O pessoal pergunta bastante. Conhecem a gente. O peixe vivo atrai muita gente — afirma.
Schwarzbold calcula em 70% a redução no comércio neste ano. O vendedor levou uma tonelada para a feira e dá a dica para quem for comprar o peixe já abatido:
— Tem que olhar as vísceras. Bom são as vermelhas, e o olho com aparência mais brilhosa.
Uma novidade passou a fazer parte das formas de pagamento: as transferências via Pix são aceitas pela maioria dos vendedores.
Carpa capim, com preços de R$ 20 a R$ 25 o quilo, tainha em torno de R$ 20 e camarão médio, limpo, com pacote por R$ 30 estão entre os itens mais vendidos.
De acordo com Oscar Luiz Pellicioli, coordenador de fomento da SMDET, a quantidade de público na feira deste ano é uma incógnita. Em 2018, 700 mil pessoas foram ao Centro Histórico; em 2019, o número caiu para 560 mil.
— Se tiver pelo menos 100 mil, já são 100 mil a menos dentro do Mercado Público. E cabe ao público a consciência, e chamar a atenção se outro não estiver usando a máscara — orienta.
Bibiane de Souza, 40 anos, integra uma das 250 famílias do Delta do Jacuí que tem na Feira do Peixe um incremento na renda. O estoque foi pescado na Ilha da Pintada, onde vive. O filho Brian Pietro, quatro anos, se divertia imitando a mãe.
— Ó o filé, ó o filé, ó o filé — brincava, gritando com o rosto protegido por uma máscara de aviãozinho.
A venda dos pescados segue até as 20h. O último dia será a Sexta-feira Santa (2). Além do Largo Glênio Peres, há comércio de pescados na Esplanada da Restinga e na Rua Dr. Cecílio Monza, 10901, no Belém Novo, no extremo-sul da Capital.