Um dos mais afetados pelas restrições impostas pela pandemia, o setor aéreo brasileiro deve levar tempo para se recuperar totalmente da crise. Em meio a incertezas sobre como será 2021, o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, fechou o ano de 2020 com queda de 58,19% no número de passageiros que passaram pelo terminal.
Em 2019, foram 8.314.013 pessoas circulando pelo local, entre chegadas e partidas para dentro e fora do país. Já no ano passado, esse número caiu para 3.476.011, segundo dados publicados no site da Fraport, administradora do aeroporto da Capital.
Com exceção de janeiro, todos os outros meses de 2020 tiveram diminuição. Os que apresentaram queda mais acentuada no fluxo de passageiros foram os primeiros com restrições causadas pela pandemia, quando inúmeras companhias cancelaram viagens. Em abril, foram 95,38% de pessoas a menos, enquanto que em maio a diminuição chegou a 92,99%. A diferença de um período a outro foi ficando menor progressivamente, até o fim do ano — que, ainda assim, terminou em queda.
Para se ter uma ideia, nenhuma pessoa chegou por voo internacional no Salgado Filho em abril de 2020, e apenas sete embarcaram. Em junho e julho, o indicador ficou zerado para chegadas e partidas para outros países.
Consequentemente, o número de aeronaves que passaram pelo terminal também diminuiu, de 77.709 em 2019 para 37.913 em 2020 — o que corresponde a uma queda de 51,21%. Enquanto que no ano anterior a média era superior a 6 mil por mês, em 2020 esse número caiu para pouco mais de 3 mil mensais — em abril e maio, inclusive, o número de aeronaves foi inferior a mil.
A média de voos diários chegando ou saindo de Porto Alegre foi duas vezes menor em 2020. Foram 77, na comparação com os 178 registrados em 2019.
Corte de postos terceirizados
A Fraport informou que fez o possível para preservar os colaboradores diretos, mas que os postos terceirizados foram reduzidos em cerca de 30% ao longo de 2020. As empresas terceirizadas prestavam serviços dentro do aeroporto.
Conforme a administradora, durante a pandemia algumas funções passaram a ser realizadas por colaboradores da Fraport. Entre elas, estão operação de empilhadeiras, operação de ponte de embarque, operação e manutenção de sistema de bagagens, balizamento de aeronaves e supervisão do canal de inspeção.
Retomada lenta
A vacinação e a melhora dos índices devem ser a chave para a retomada do setor aéreo. A área internacional, no entanto, é a mais temerária: com a imunização em diferentes estágios ao redor do mundo, é difícil saber quando haverá segurança para que as pessoas se desloquem entre os países.
No início do ano, a Fraport informou que esperava uma retomada dos patamares anteriores somente para 2024 ou 2025. Procurada nesta semana, a empresa disse que "é impossível" ter uma previsão assertiva.
"Não sabemos como a pandemia vai se comportar no Brasil, nem quando teremos a população vacinada ao redor do mundo para voltar a voar entre os países como antes da covid-19. Então, continuamos acompanhando dia após dia e o tráfego doméstico continua liderando a retomada", diz trecho da nota enviada a GZH.
Sobre os voos internacionais, o aeroporto está autorizado a receber este tipo de viagem, mas há baixa demanda. Para março, é aguardado o retorno dos voos da Copa Airlines: a companhia anunciou três operações semanais no primeiro mês, com aumento para quatro por semana já em abril. As viagens têm como destino o Aeroporto Internacional de Tocumen, no Panamá, e conectam a capital gaúcha a destinos da América do Norte, Central, Sul e Caribe.