Os planos de Daiane Santos de Oliveira e Yago Mello Hausen foram modificados em 2020: programado para ocorrer após a conclusão do curso superior de ambos, o casamento não poderá ter a celebração imaginada. A festa, que reuniria amigos e a família, foi suspensa para não haver aglomerações - contratado em uma casa geriátrica, o nutricionista de 26 anos evita contatos físicos fora da rotina de trabalho. A psicóloga, de mesma idade, manteve apenas consultas online, com exceção de algum caso especial.
Da programação inicial, o casal manteve apenas a união no civil, que ocorrerá no dia 18 de novembro. A lista de presentes, contudo, foi alterada, simplificada a um único item: a doação de pacotes de todos os tipos de ração, que terão destino animais abandonados e acolhidos pela ONG Majuna Proteção Animal, do bairro Lami, extremo-sul de Porto Alegre.
- Casamento, normalmente, é algo para si. E pedir ajuda para os animais é deixar o ego de lado. O que é para nós a gente trabalha e compra – define o noivo.
Na área de estudo, Daiane avalia o impacto da interação dos animais com os seres humanos. Se tornou “mãe de gatos” quando passou a morar com Yago, que diz ter aprendido a admirar os pets com os pais, desde a infância. No braço da jovem, um gato tatuado marca a paixão pelos felinos - carinho, admite a psicológica, que também tem influência dos sogros: no mesmo terreno, no bairro Jardim Carvalho, zona leste da Capital, os pais do futuro marido mantém quatro gatos e três cães.
- Nos sentimos melhor sabendo que os animais estão sendo ajudados com as doações. Já tem amigos contribuindo, e quanto mais doarem, melhor – complementa a jovem.
A iniciativa de direcionar as doações à entidade foi tomada há cerca de meio ano, quando o casal resgatou um grupo de gatos que vivia sob maus tratos, na Região Metropolitana. Sem ter como adotar a ninhada, eles encontraram na protetora Raquel Majuna a saída mais responsável.
- Eu liguei pra ela, pedindo ajuda, e disse que a próxima vez ligaria para ajudar – relembra a psicóloga, sobre a promessa agora cumprida.
Reconhecida pelo trabalho de acolhimento, a administradora da ONG tem sua história acompanhada pelo Diário Gaúcho desde março.
O casamento em gabinete deixará apenas uma frustração ao noivo.
- Não dá para beijar a noiva – lamenta o nutricionista, explicando que, no cartório, a máscara é obrigatória durante o rito.
Fotógrafos também estão proibidos, e o número de convidados limitado às testemunhas da união, segundo as regras repassadas pelo foro à Daiane.
A residência do casal lembra bem o lar de quem acolhe bichos de estimação com devoção. Com reformas adiantadas, cozinha e sala dão um aspecto de casa nova. Mas chama atenção logo na chegada os utensílios adquiridos para a “dona” do imóvel: um arranhador colocado ao lado da porta e sofás em tecido resistente às unhas afiadas de Mia, a gata de sete anos – que dorme na mesma cama que os dois. No quarto, uma caixa guarda os brinquedos da gatinha e até almofadas têm o formato do animal. Uma parede também deve ganhar nichos e trilhos para a carinhosa moradora, em primeiro plano à frente dos retratos do casal, registrados na manhã desta quarta-feira (11).
A lista de item único para presentear os noivos pode ser encontrada com desconto na SOS Rações, distribuidora localizada na mesma região onde o casal reside. Para incentivar as doações, a empresa oferece 15% de abatimento nas compras para doação, desde que efetuadas até o dia 20 de novembro pelos telefones (51) 3387-0204, (51) 3387-4361 ou (51) 9-8467-5818.
A ONG Majuna também pode ser encontrada no Instagram e pelo telefone (51) 9-9772-5406.