Um grupo de aproximadamente 100 rodoviários realizou um protesto na manhã desta sexta-feira (28) em Porto Alegre. Eles caminharam pela Avenida João Pessoa e se concentraram em frente à sede do sindicato da categoria, na Avenida Venâncio Aires – a pista no sentido Centro-bairro foi bloqueada no trecho.
Eles reclamam da redução dos salários em 25% sem redução de carga horária por parte das empresas, e da demissão por justa causa de um delegado sindical. O protesto também pede que o sindicato dos rodoviários se posicione e interceda junto à empresa para que ele seja reintegrado.
O mesmo grupo protestou no final da madrugada em frente à empresa Trevo, na zona sul. Não houve bloqueio de garagem. Posteriormente, a caminhada teve início às 9h. Eles percorreram a Avenida João Pessoa pelo corredor de ônibus, desde a Ipiranga até a Venâncio Aires. A Brigada Militar (BM) e a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) acompanharam. Houve congestionamento.
Os manifestantes pediam para ser recebidos por alguém do sindicato. O local estava fechado. Até as 10h45min, não havia previsão de encerramento da manifestação.
Sobre a demissão, a empresa Restinga, via Associação dos Transportadores de Passageiros (ATP), emitiu nota em que afirma que o afastamento do colaborador se deu porque a Carteira Nacional de Habilitação dele "encontra-se suspensa há meses por infração de trânsito cometida com seu veículo particular" e que o colaborador "opou por ocultar o fato do empregador", seguindo com as atividades profissionais "à margem da lei". O funcionário nega.
O presidente em exercício do sindicato, Sandro Abbade, diz que "a empresa ficou de receber o sindicato na semana que vem", e que "com as informações do motivo da justa causa desse trabalhador, iremos tomar uma linha de defesa. Até agora não temos informações formal da empresa".
Leia a nota da Restinga na íntegra
"Com relação ao procedimento de demissão por justa causa ao qual se encontra submetido a partir da data de ontem o funcionário da Restinga Transportes Coletivos LTDA, a empresa vem a público informar que o processo de desligamento é motivado exclusivamente pela tomada de conhecimento, na tarde de 26/08/2020, que o direito de dirigir (CNH) do colaborador encontra-se suspenso há meses por infração de trânsito cometida com seu veículo próprio (transpor bloqueio polícia). De acordo com as regras do contrato de trabalho, e a responsabilidade que envolva a função de motorista de ônibus, é dever do profissional informar a empresa em situação como essa. Pelo contrário, o colaborador agora suspenso para devido trâmite judicial (processo IAFG 0020715-96.2020.5.04.0011) optou por ocultar o fato do empregador, e seguir suas atividades laborais a margem da lei, sem sequer buscar a realização dos procedimentos impostos ele pelas autoridades para a recuperação de sua CNH, o que implica inclusive em cassação do direito de dirigir por 2 anos. Diante disso, à luz da lei, das regras, e do bom senso, deu-se início ao referido procedimento legal de desligamento."
Nota de repúdio do Sindicato dos Rodoviários
"A diretoria da atual gestão do STETPOA - Sindicato dos Rodoviários de Porto Alegre, manifesta o seu total repúdio ante a demissão de um membro importante da categoria rodoviária, delegado sindical da empresa Tinga, militante de classe sempre ativo na empresa. Ainda que não tenham sido esclarecidos os motivos que levaram a esta inesperada decisão da empresa, nos solidarizamos ao colega e reforçamos a disponibilidade do quadro jurídico da entidade. Sindicato também informa que trabalha para apurar os fatos e estará atento a qualquer atitude arbitrária cometida pela direção da empresa, e considera que todas as questões que envolvem o caso precisam ser esclarecidas, sendo que para isso a entidade investigará o ocorrido e assim definirá as medidas a serem tomadas."