Beirando os três meses da chegado do coronavírus a terras gaúchas, obter crédito se mostra o principal entrave na retomada dos bares e restaurantes, conforme mostra pesquisa da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes gaúcha (Abrasel-RS) exclusiva com estabelecimentos da Capital. Dos 85,1% que buscaram algum tipo de capitalização no banco, quase metade não conseguiu (48,4%) e 82,2% relataram dificuldades de acesso, como juros proibitivos ou garantias impossíveis de cumprir.
– Até agora, são poucas linhas de crédito que chegaram até a ponta, o dono do restaurante, sem que o banco peça garantias que o empresário não tem como bancar nesse momento. A exceção até aqui tem sido o Fampe (Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas), do Sebrae – conta a presidente do Conselho de Administração da Abrasel-RS, Maria Fernanda Tartoni, citando a linha de crédito de até R$ 125 mil, financiada em parceira com a Caixa.
Na quarta-feira (10), o governo federal enfim lançou uma linha de crédito voltada a pequenos negócios, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).
Em outros pontos críticos, a situação dos bares e restaurantes melhorou: dos 98,5% que tentaram renegociar aluguéis, por exemplo, 75% chegaram a algum tipo de acordo com o dono do imóvel.
– É um dado positivo, sem dúvida. Nem sempre esse acordo com os donos dos imóveis são o melhor dos mundos, mas mostra que a maior parte deles está tendo sensibilidade. Hoje mesmo eu fui ver equipamentos de um empresário que teve de fechar porque, aos 45 do segundo tempo, o dono do imóvel recuou e não reduziu o valor do aluguel – afirma a presidente.
A pesquisa ainda aponta que 77,9% dos bares e restaurantes membros da Abrasel-RS na Capital já reabriram seus salões. Mas 50% ainda veem risco de fechamento definitivo dos negócios em 60 dias. Sobre a expectativa de volta do movimento à normalidade, os empresários se dividem em percentuais iguais: 41,8% acreditam atingir índices anteriores à pandemia em seis meses, e outros 41,8% em um ano ou mais.
De acordo com Maria Fernanda, a única certeza é de instabilidade no setor:
– Todas as opiniões são muito dinâmicas. O que eu te digo hoje pode mudar amanhã. Pode parecer contraditório parcelas igualmente grandes, na pesquisa, esperaram melhora significativa do movimento, mas terem medo de fechar em definitivo. Mas é exatamente como o empresário está: pensando a cada minuto uma coisa diferente.