O primeiro dia de restrições ao comércio em Porto Alegre, estabelecidas por decreto do prefeito Nelson Marchezan, pode ser resumido pelas portas fechadas e pelo movimento reduzido em grande parte dos locais. Na manhã desta quarta-feira (24), lojistas já cumpriram as medidas e fecharam os estabelecimentos que não fazem parte dos serviços essenciais na cidade.
No centro da Capital, o movimento na Rua dos Andradas no fim da manhã contrastava com o tradicional vaivém de pessoas característico da região. As únicas lojas abertas eram aquelas consideradas de serviços essenciais, com autorização para funcionamento, como farmácias, óticas e pet shops.
Quem continua trabalhando nota queda na procura e, claro, no retorno financeiro. Fábio Machado, 49 anos, é dono de um carrinho que vende amendoim na Andradas. Desde o início de maio, o turno de trabalho foi reduzido de oito para cinco horas por dia, porque não há procura. O faturamento equivale a 20% do período pré-pandemia:
— As pessoas desaparecem da rua. De ontem (terça-feira) para hoje, é só olhar e ver que não tem ninguém. Dá uma tristeza de trabalhar. O pessoal está com muito medo até de dar moeda na mão da gente, de pegar troco, então tem muita restrição até para se relacionar — lamenta o dono do Amendoim Doce do Bolinha.
Na comparação com dias comuns, o movimento era baixo. No entanto, em um dia em que a maioria das lojas está fechada, a circulação de pessoas era significativa: muitas procuravam ambulantes e produtos em lojas que permaneciam abertas.
— Deu uma diminuída em relação à semana passada, mas ainda tem bastante gente. Para um dia de decreto, tem muitas pessoas na rua — relata Jonatas dos Santos, 22 anos, que é office boy e costuma circular pela região.
Antes de ser abordado pela reportagem de GauchaZH, o jovem olhava vitrines e anotava números de telefones.
— Eu já sabia que o comércio estava fechado, mas estava procurando produtos de limpeza e promoções. Anotei os telefones das lojas para poder entrar em contato com eles — afirma.
Fiscais do Procon e da prefeitura que circulavam pela área não relataram descumprimentos e buscavam orientar os lojistas. Dentre os estabelecimentos fechados, estavam bazares, lojas de roupas e de calçados.
Muitos locais permanecem com um ou dois vendedores, que ficam em frente às portas fechadas, para o pagamento de carnês. A prefeitura informou que esta prática está permitida.
Na Avenida da Azenha, a reportagem de GaúchaZH encontrou também muitas lojas fechadas, mas movimentação ainda mais reduzida. Uma loja de móveis descumpria o decreto e recebia clientes no local. Após questionamento, o estabelecimento baixou a grade de ferro, mas seguiu atendendo.