Voluntários que compraram pias portáteis para moradores de rua lavarem as mãos como prevenção ao coronavírus instalaram mais três equipamentos em Porto Alegre nesta semana. Com isso, a operação conta agora com seis pias espalhadas pela região central da cidade. A ação é desenvolvida em parceria que envolve os grupos Cozinheiros do Bem, Translab.urb, Centro Social da Rua, Projeto Gaditas e Banho Solidário. A intervenção não tem autorização da prefeitura.
Idealizador do Cozinheiros do Bem, o chef Julio Ritta afirma que o grupo tentou parceria com o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) para o abastecimento das pias, mas não obteve retorno e desistiu. Neste momento, a água dos tonéis que garantem a operação nos lavatórios está sendo bancada pelos voluntários, que contratam serviços de caminhão-pipa.
— Eles são abastecidas uma vez por semana, que é o tempo que dura a água nos tonéis de 250 litros que a gente instalou — explicou Ritta.
Por meio de nota, a prefeitura de Porto Alegre informou o entendimento de que as pias portáteis podem gerar aglomerações e serem vetores de transmissão de coronavírus. Segundo o Executivo municipal, a Capital conta com “34 espaços de higiene em praças e parques em todas as regiões da cidade que oferecem detergente, clorofina e papel e são constantemente higienizados”. A prefeitura reforçou que a instalação dos equipamentos não foi liberada, mas não informou se adotará alguma medida em relação ao caso.
“Além disso, durante a pandemia sete novos pontos de cuidados iniciaram o atendimento descentralizado das pessoas em situação de rua sob a responsabilidade das organizações sociais, com a oferta de banho, alimentação e orientações”, diz a nota.
O integrante do Cozinheiros do Bem não concorda com o posicionamento da prefeitura sobre as pias portáteis.
— Os pontos onde nós instalamos (as pias) são os que têm maior concentração de pessoas em situação de rua. Elas não vão sair dali. Elas não iriam sair dali. Não é por uma torneira que vão ficar na rua, muito menos será por isso que vão se aglomerar — afirmou Ritta.
Ações itinerantes
As seis pias estão instaladas em pontos do entorno da Reciclagem Ksa Rosa, do Viaduto da Conceição, do Viaduto Imperatriz Dona Leopoldina, conhecido como Brooklyn, do Viaduto Dom Pedro I, da Praça da Alfândega e Praça da Matriz.
"Lava bem as tuas mãos. Coloca sabão e esfrega tudo por 20 segundos. Enxágua bem. Aproveita e lava o rosto. Não destrua essa pia. Essa água é para salvar a tua vida", diz um comunicado fixado na área das pias.
Segundo Ritta, o próximo passo do projeto será promover ações itinerantes, levando quatro pias a locais específicos. O grupo estima começar a desenvolver esses eventos pontuais ainda nesta semana.
— Não apenas os moradores de rua, mas sim toda a população de Porto Alegre está desfrutando da estrutura. Higiene básica é o mínimo que a população pode e tem o direito de ter. Pagamos impostos e essa água é de direito nosso. O mínimo que podemos entregar neste momento é o máximo para muitos e nossas pias são mais importantes que os chafarizes das praças. Água para todos — afirmou Ritta por meio de troca de mensagens.