Sem autorização da prefeitura de Porto Alegre – que vetou a instalação de pias portáteis para moradores de rua lavarem as mãos –, voluntários que compraram os equipamentos prometem botá-los na rua mesmo assim.
A iniciativa é do coletivo Cozinheiros do Bem, conhecido por servir refeições à população sem teto. Em um ofício encaminhado à prefeitura no dia 1º, o grupo pedia para instalar, embaixo de viadutos e dentro de praças, sete pias que já haviam sido compradas. Cada uma, segundo o presidente do coletivo, Julio Ritta, custou R$ 550 – com as taxas de entrega, o valor chegou a R$ 614.
– Um amigo topou comprar uma, outro se dispôs a pagar outra, uma voluntária bancou mais duas, e assim fomos indo. O pessoal da rua precisa higienizar as mãos para se proteger do coronavírus – afirma Julio.
No ofício dos Cozinheiros do Bem, eles também se oferecem para fazer a manutenção dos equipamentos. Acionadas com um pedal – e não com as mãos –, as pias portáteis têm reservatórios de água que precisam ser reabastecidos quando ficam vazios. Embora o grupo tenha solicitado água potável à prefeitura, com a negativa do Executivo eles dizem já ter parceiros, como empresas e entidades, dispostos a oferecer a água.
– Vamos acoplar nas pias bombonas de sabonete líquido. Não tem como faltar, nossa rede de doadores é grande – garante Julio, anunciando que vai instalar as três primeiras pias na quinta-feira.
Em nota, a Fundação de Assistência Social (Fasc) informou que, na prefeitura, todas as ações buscam "ofertar alternativas/espaços para garantir o isolamento e proteger a população em situação de rua, e não criar estruturas para que ela permaneça na rua durante a pandemia do coronavírus". Em resumo, a intenção do governo é atrair os sem-teto para albergues e para outros serviços – inclusive de saúde – que possam garantir um tratamento adequado a todos.
– Tudo bem, mas, se não conseguiram botar até hoje as pessoas nos albergues, vão dizer agora que uma pia é que vai impedir? – questiona Julio.