Uma série de reuniões nos últimos dias, envolvendo todas as secretarias do governo Marchezan, vem tentando solucionar um complexo quebra-cabeça: como obter, em pouquíssimo tempo, uma quantia significativa de recursos para garantir assistência social a uma multidão inédita de porto-alegrenses.
A Fasc, órgão responsável pela área, já vem distribuindo cestas básicas em comunidades pobres. Vera Ponzio, presidente da fundação, calculava na sexta-feira (3) em torno de 7 mil famílias já socorridas. É um começo, mas nada que se compare ao que está por vir nas próximas semanas.
Com a atividade econômica interditada, nunca na história recente a cidade lidou com um declínio de renda tão abrupto, tão abrangente e tão avassalador como o previsto agora. O governo ainda não arrisca uma estimativa de quantas famílias precisarão de ajuda, mas espera levantar nesta semana – após um pente-fino em todas as secretarias – um cenário preciso do dinheiro que terá disponível.
Na prática, todos os contratos da prefeitura estão em revisão. Cada secretário precisa apresentar uma lista de onde é possível cortar – até porque boa parte desses contratos, desde que a crise começou, não vêm sendo cumpridos. Bruno Miragem, secretário extraordinário de Enfrentamento do Coronavírus, cita pequenos exemplos.
– Não precisa de faxina diária em uma repartição pública que tinha 50 pessoas e que, agora, tem 40 trabalhando de casa. Carros que levavam processos ao fórum, ou caminhões que carregavam material de obras, tudo isso está parado.
Questionado sobre um prazo, Miragem diz que "é tudo para ontem". A fome, de fato, não vai aguardar muito tempo.