O estudante de Direito Daniel Panizzi, 42 anos — há um atuando como motorista de Uber — começou a sentir os primeiros sintomas há 14 dias. Mal-estar generalizado, sonolência, seguido de dor de cabeça incessante. Pensou que iria passar.
— Piorou. Fui para a cama, febre alta. Foram sete dias sem sair de casa, acamado. Doía todo o corpo. Tive medo. Senti falta de ar em pelo menos dois dias — descreve Panizzi, que já suspeitava ter sido atingido pelo coronavírus.
Foi a uma médica e a suspeita foi confirmada, após exame. Ela fez diagnóstico de covid-19 e deu atestado médico a Panizzi, válido por 14 dias (os de cama e mais outros sete para recuperação). Ela também ordenou que ele e sua família se isolassem, em quarentena.
O motorista, que não chegou a ser hospitalizado, encaminhou à Uber o atestado e, até para surpresa dele, a resposta veio rápida e sem questionamentos. Foi prometido a ele depósito de R$ 2,8 mil, relativos a 14 dias parados por causa da moléstia. O cálculo é feito com base na média de faturamento diário dele nos últimos seis meses.
“Qualquer motorista parceiro diagnosticado com covid-19 ou solicitado a se auto-isolar por uma autoridade de saúde pública é elegível a receber assistência financeira para cobrir até 14 dias enquanto sua conta está suspensa”, informou a empresa de aplicativos de mobilidade urbana.
O informe (abaixo) foi remetido aos 22 milhões de usuários, motoristas e entregadores cadastrados, informa a Uber.
Panizzi, por conta própria, decidiu não voltar ao trabalho.
— Não posso correr o risco de contaminar os clientes. Quando a médica achar que posso voltar, volto — define.
GaúchaZH contatou a Uber e confirmou o caso de Panizzi. A empresa garante que, além de ressarcir por dias parados (até 14 dias), também oferece um Vale-Saúde, com desconto de 20% em determinadas farmácias e descontos para redes de atendimento em saúde privadas e mais de 3 mil tipos de exames médicos.
A Uber não informou quantos motoristas e entregadores já pediram ressarcimento por causa do coronavírus.