Motoristas de aplicativos de transporte contrários ao projeto da prefeitura de Porto Alegre que prevê a taxação do serviço em R$ 0,28 por quilômetro rodado haviam marcado um protesto para esta quinta-feira (30), no Largo da Epatur. Porém, a manifestação, prevista para começar por volta de 11h30min, não ocorreu. No horário, até havia motoristas estacionados no local, mas nenhuma reunião da categoria.
O presidente da Associação de Motoristas por Aplicativo (Ampa), Carlos Guessi, explica que, por volta das 9h, um grupo estacionou o carro no local e foi a pé até a Câmara Municipal, perto dali. A caminhada foi decidida no calor do momento, pouco depois do término de um protesto de rodoviários.
– Como estava tudo trancado, o pessoal decidiu na hora sair da Epatur e ir a pé. Ai acabou havendo desencontro. Agora estou convocando todos a irem até a Câmara amanhã (sexta).
Willian Nunes, 26, aguardava a chegada de colegas com o amigo Luiz Henrique Marca, 29. Os dois são de Alvorada e se deslocam diariamente a Porto Alegre para trabalhar:
– Esses projetos são absurdos, porque muita gente vem para cá trabalhar. Imagina ter que sair de casa e pagar um pedágio e mais o km rodado. Já se foi a época em que o aplicativo dava dinheiro - lamenta Willian.
Alex Pereira, 35, lamenta ter deixado de trabalhar e não ter participado da caminhada:
– Moro em Gravataí e não cheguei a tempo para sair com o pessoal até a Câmara. O fato de a gente não ser muito unido atrapalha um pouco a luta, mas cada um sabe onde seu calo aperta, sabe quando tem que trabalhar. Quem está no aplicativo é porque não tem opção. O motorista paga tudo do próprio bolso e agora pode ter ainda mais gastos.
Na Câmara, a sessão extraordinária convocada para apreciar os projetos da prefeitura nem ocorreu por falta de quórum.
Entenda o projeto
Porto Alegre instituiria uma "tarifa de uso do sistema viário" para os aplicativos de transporte de passageiros. Empresas que optarem por rodar na Capital teriam de abrir os dados das suas corridas e pagariam R$ 0,28 de tarifa por quilômetro rodado.
De onde vem a inspiração: cidades como Curitiba, Fortaleza, Brasília e São Paulo já tributam os aplicativos de diferentes formas. A maior inspiração é a capital paulista, que aplica uma tarifa variável de R$ 0,10 a R$ 0,40 por quilômetro conforme o horário e o trânsito.
Impacto estimado na tarifa do ônibus: redução de R$ 0,70.
A justificativa da prefeitura: seria justo taxar as empresas que estão ganhando dinheiro aos custos das vias da cidade, além de estarem gerando congestionamentos no trânsito. De quebra, tornaria mais justa a competição com o ônibus, tendo em vista que o preço das corridas curtas se aproxima do valor unitário da passagem.